20 anos de Dummy: reedição e um marco na música electrónica


A música está presente no nosso dia a dia sob as mais diversas formas. Seja numa publicidade, no rádio do carro, naquele vídeo engraçado ou no genérico do noticiário televisivo a música está lá, e muitas vezes sem nos darmos conta. Nesta infinidade encontra-se de tudo, a música que fica no ouvido, a música mais tecnicista, a música que emociona, a música que vende. E desta enorme variedade de registos musicais que nos rodeiam a verdadeira música, a música como arte, é aquela que é intemporal, que atravessa gerações.
Há vinte anos, aquele que se pensava ser mais um no meio de milhares de discos, foi editado numa tiragem de apenas mil exemplares, prontamente corrigida para alguns milhares, tal foi o sucesso. Hoje é reeditado em Vinil de 180 gramas e na sua forma original, sem faixas extra, sem jogos comerciais, com a sua pureza imaculada. Dummy é o seu nome. Portishead, portanto.
Dummy trouxe – e volta a trazer – a música que provoca sentimentos. A música que nos faz chorar, que nos faz viajar no imaginário de Portishead, naquela batida profunda, na voz sentida, naquele drama tão marcante. A simplicidade da música leva-nos a melhor, a execução é perfeita, a carga emocional é imensa e a mensagem chega como se de um desabafo se tratasse.
Depois de Dummy, Portishead, o álbum homónimo da banda de Bristol, aparece em 1997. Não tão marcante, não tão tocante, o drama desvanece e a voz de Beth Gibbons muda. A musicalidade continua presente, as passagens de scratch são mais presentes e a qualidade é evidente, mas claramente demarcado de Dummy.
Third só chega passados 11 anos e vem frio. Frio, cru, o mais orgânico de Portishead, ou não fossem as passagens psicadélicas e caóticas no decorrer da melancólica “Hunter”. Este é daqueles álbuns difíceis de gostar à primeira, mas aconselho vivamente a ouvir uma segunda vez. É como um processo de aprendizagem por insistência.
A qualidade em Portishead é avassaladora, e isso comprova-se com a edição de três fantásticos álbuns tão diferentes, mas a verdade é que nenhum tem o poder de Dummy. 20 anos depois continua a impressionar e emocionar quem o ouve e Dummy não se fica pelos seus quase 50 minutos mágicos. Este álbum veio provar que a música electrónica pode ter essência, drama, que pode ter alma.

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