Perdidos nos 80: Triumph, os eternos segundos.
Começo esta crónica por explicar o conceito subjacente à mesma. O objectivo é retratar a carreira ou álbuns de algumas bandas de rock dos anos 80 e aqui incluem-se estilos tão variados como o AOR, o hard rock, o glam rock ou o rock clássico. Quero deixar apenas uma pequena ressalva pois o título poderá ser enganador à primeira vista. As bandas aqui retratadas poderão estar ainda ativas seja através de reuniões que estão tão em voga nos dias de hoje ou porque, pura e simplesmente, nunca deixaram de editar discos mas a década de 80 será sempre a era onde as mesmas se destacaram e atingiram o auge das suas carreiras. A época a que me refiro foi prolífica em bandas de extrema qualidade dentro do género embora muitas delas tenham lançado poucos álbuns e caído no esquecimento enquanto outras perderam a visibilidade de outros tempos devido à mudança do panorama musical internacional ao longo dos tempos. Após esta breve introdução vamos ao que interessa.
Acho que não poderia começar de melhor maneira ao destacar a banda canadiana Triumph, por muitos considerados como um dos coletivos mais subvalorizados no rock devido, principalmente, à inevitável comparação com os seus compatriotas Rush. Ambas as bandas eram formadas por um power trio e aproximavam-se musicalmente bem como a nível lírico. Os Triumph nunca conseguiram, no entanto, ombrear a nível comercial com os Rush. Formados em 1975 por Gil Moore (bateria e voz), Phil Levine (baixo e teclados) e Rik Emmet (guitarra e voz), a banda era dotada de excelentes executantes tocando algo entre o hard rock e o rock progressivo. Um ano após a sua formação editaram o seu primeiro álbum homónimo através da Attic Records. Embora o álbum tenha sido praticamente ignorado pelo público, a banda gozou de algum culto na cidade de San Antonio, em parte garantido através da exposição através duma rádio local. Após uma breve passagem pela MCA Records a banda assinou pela RCA Records que resolveu reeditar o álbum de estreia e lançou o segundo álbum Rock & Roll Machine, em 1977, o qual contém o primeiro sucesso da banda, a versão do tema de Joe Walsh, “Rocky Mountain”. Por esta altura a banda já começava a ser conhecida pelos seus concertos os quais eram munidos de efeitos de luzes bastantes avançados para a época bem como a pirotecnia usada durante as atuações da banda. Após um novo contrato com a MCA Records, a banda lançou os álbuns Just a Game (1979) e Progressions of Power (1980). Singles como “Hold On”, “Lay It On The Line” ou “I Can Survive”, ajudaram a banda de Toronto a cimentar a sua posição como banda de rock de qualidade no meio de tantas outras que proliferavam na altura.
Seguiram-se os álbuns Allied Forces, em 1981, considerado pelos fãs como o melhor disco da banda, e Never Surrender, em 1983. Ambos os trabalhos atingiram o ouro marcando, assim, a melhor fase artística e comercial da banda. Músicas como “Fight The Good Fight” ou “When The Lights Go Down” são perfeitos exemplos disto mesmo. Apesar dos resultados relativamente positivos que a banda vinha a alcançar, a crítica não se mostrava muito fã do conjunto e os álbuns que se seguiram não atingiram a notoriedade de discos anteriores os quais ganhavam um progressivo teor político através das letras de Rik Emmet. Álbuns como Thunder Seven (1984), Stages (álbum duplo ao vivo lançado em 1985), The Sport Of Kings (1985) e Surveillance (1987) não alcançaram a notabilidade dos seus antecessores. Contudo, a banda continuou a produzir alguns hits como “Spellbound”, “Follow Your Heart” ou “Somebody’s Out There”, todos verdadeiros hinos ao rock. Aquando do lançamento de Surveillance a banda atingira a sua fase mais progressiva, evidente através de participações frequentes com bandas do género como Dixie Dregs e Steve Morse. Em 1988 o guitarrista Rik Emmet abandona a banda devido a incompatibilidades quanto ao rumo artístico que a banda vinha a tomar bem como a algumas decisões de management no seio da banda e iria prosseguir com uma carreira a solo. A banda entrou num longo hiato até 1993, ano em que os restantes elementos da banda recrutaram Phil X para o lugar de Emmet, que havia tocado com Frozen Ghost e Aldo Nova, enquanto Rick Santers, que já havia tocado como elemento ao vivo, ficava com o duplo papel de teclista e vocalista em algumas músicas. Esta fase não foi, no entanto, muito bem-sucedida, sendo que a banda apenas lançou Edge Of Excess nesse mesmo ano anunciando o seu fim após o seu lançamento.
A partir daqui foram lançadas algumas compilações e reedições de álbuns anteriores mas a banda só voltaria a reunir-se em 2008 para a cerimónia de introdução do seu nome na Canadian Music Industry Hall Of Fame. A banda tocou alguns concertos entretanto e em 2012 a foi lançado o CD/DVD Live At Sweden Rock Festival através da mítica Frontiers Records que marca o concerto de reunião que teve lugar no festival em 2008.
Os Triumph são o perfeito exemplo de uma banda que lançava ótimos álbuns, grandes singles e era possuidora de exímios músicos mas que, por uma razão ou outra, nunca alcançaram o sucesso de alguns dos seus pares na década de 80. Deixam, no entanto, um legado de luxo que merece ser revisitado por todos os amantes de boa música no geral e, em particular, de rock.
Google+
+ There are no comments
Add yours