Maré de Agosto 2015 arranca em grande
Aquele banho de mar em águas cristalinas, com o teste de som a decorrer lá ao fundo, já fazia prever uma típica noite de maré: muita festa, muita amizade e a oportunidade de conhecer música, boa música. E claro, aquele espírito inconfundível que só existe na Maré de Agosto.
Já sem o famoso sol radiante de Santa Maria, do palco escuro emergiu um jovem solitário de grandes barbas e cabelos dourados, com uma guitarra debaixo do braço. Sim, Stu Larsen agarrou o público durante cerca de uma hora sem precisar da companhia de mais nenhum músico. Aquela voz, aquela guitarra e a harmónica eram suficientes. Até houve tempo para o músico meter o público a cantar e desligar o amplifcador, ficar a tocar guitarra como se fossemos um simples grupo de amigos a partilhar música. Talvez o músico australiano tenha sido mesmo a grande surpresa do primeiro dia de Maré. Uma força incrível aliada a uma deliciosa simplicidade.
Se Stu Larsen foi a simplicidade em forma de concerto, capicua foi um verdadeiro show, muito por culpa da incrível projecção que enquadrava o palco. Ali materealizavam-se os rabiscos aparentemente descuidados de Vitor, o desenhador de serviço. “Rabiscos” estes que ganhavam vida e não deixavam ninguém indiferente. Era mesmo impossível não estar atento àquela tela que evoluía à medida que cada música avançava. Cada gravura desenhada em directo era o espelho das rimas que capicua debitava incessantemente, com uma energia fora de comum e o acompanhamento de uma batida muito bem construída, repleta de musicalidade. Talvez seja este o segredo da carismática artista portuense, que conseguiu por um mar de gente a dançar o tão distinto hip hop “tuga”.
Maré que é maré tem que ter uma banda de reggae. A trigésima primeira edição não podia ser excepção e a fechar a primeira noite Protoje And The Indiggnation prometia uma visita ao típico reggae jamaicano. Prometeu e cumpriu. Com oito músicos em palco, Protoje apresentou um concerto muito consistente, com poucas paragens e muitas boas vibrações. Talvez tenha sido um tipo de reggae que não estamos habituados a ver na maré, com menos energia e mais tranquilidade, o que explica as menores demonstrações de entusiasmo por parte do público.
Nada que afecte o fantástico desempenho do músico jamaicano, que contou um recinto cheio para o receber.
A primeira noite já está. Resta-nos deitar nas areias douradas da praia formosa, aproveita o mar quente e esperar que o fim de semana passe devagar. Hoje há mais música do mundo no mais antigo festival português em actividade consecutiva.
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Fotografias: Pepe Brix
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