“Sirumba”: A marcha lenta dos Linda Martini
O que pode mudar numa banda no período de três anos? No caso dos Linda Martini a resposta é – quase tudo. “Sirumba”, lançado ontem, é um ponto de viragem na sonoridade dos lisboetas, mas atenção, sem perder o que lhes dá a essência.
A poesia ambígua continua lá, a inquietação também, mas agora as palavras ocupam mais espaço no que nos três álbuns anteriores, há mais lugar para a canção propriamente dita, há mais melodia e mais ritmo. Perfeito exemplo disso é a faixa que dá o nome ao novo disco, “Sirumba”, uma composição típica verso-refrão-verso-refrão, algo quase inédito na discografia da banda, que sempre primou por composições atípicas. A faixa-título é uma música rock moderna imersa no legado já grande dos Linda Martini, com influências post-rock.
Falando em inéditos e raridades, há sopros e ritmos africanizados. Em “Unicórnio de Santa Engrácia” temos a primeira incursão de uma secção de sopro e sente-se que o baixo e a bateria passaram a assumir grande importância.
Quem se lembra da violência, selvajaria e urgência que caracterizava o som do quarteto? Já não está tão explícita, os instrumentos já não explodem todos ao mesmo tempo, as vozes já não gritam todas aos sete céus, os pratos de Hélio Morais deixaram de ser tão barulhentos. Depois de “Turbo Lento” parece que os Linda Martini deram lugar à calma e é possível respirar entre músicas, só que a aflição contínua lá, contida.
“O dia em que a música morreu” é paragem mais que obrigatória num álbum a que cada vez que se volta se encontram apontamentos novos. A quarta prova dada de que a banda lisboeta merece o lugar que tem já vincado no panorama rock português e que tem a apetência para conquistar cada vez mais corações.
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