A Liberdade segundo Zeca Medeiros


Liberdade. Quantos “miúdos” morreram por ela? Quantos activistas ficaram dela privados por por ela lutar? Quantos músicos, autores, artistas foram calados, censurados? “Viva ao 25 de Abril!”, gritou Zeca – “Viva!”. Afinal, se não fosse a revolução dos cravos não estaríamos ali, sobre solo sagrado a reviver a revolução – que hoje talvez continue a fazer todo o sentido – pela mão do maior vulto da cultura contemporânea açoriana.

Na majestosa Igreja do Colégio, sob o atento olhar de santos iluminados pela cor do pecado, Zeca Medeiros tentava fazer algo de puro. Se foi puro? Talvez não, talvez sim, pouco importa, mas com certeza foi algo de transcendente. Naquele altar não entrou só José Medeiros e os seus fantásticos músicos. Entrou um magnífico cantor, autor e actor, uma panóplia de personagens e um esplêndido intérprete. Uma actuação que é muito mais que música, é um mar de estórias, uma peça de teatro, um mundo de possibilidades, uma palavra de ordem.

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O  homem de voz rouca que canta com os braços claramente “deixou a timidez no camarim”. Houve sotaques das ilhas, da capital e da invicta, houve narizes de palhaço, falsetes e personagens de Antero de Quental, houve até “fadunchos de faca e alguidar”. Se Zeca Medeiros tem a ousadia de dizer que “esta malta nova é quem tem que meter os Açores no mapa cultural do mundo”, nós também a temos: obrigado Zeca, a nossa cultura também és tu!

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Quinze mil lugares de ninguém, um holofote ligado e putos a jogar à bola. O relvado do Estádio de S. Miguel, por de trás da baliza onde o Santa Clara devia marcar mais golos, foi o palco do terceiro Tremor na Estufa. A banda surpresa trazia um Rock de bigode, alma aberta e pêlo na venta e conseguiu encher um estádio vazio – pelo menos em espírito. Nem o frio foi capaz de parar os Modernos que no seu registo algures entre Táxi e Heróis do Mar levaram os muitos “aventureiros da camioneta” a abanar o esqueleto em mais um local improvável e até inacessível para o comum dos mortais. A magia do tremor na estufa também é essa: levar-nos aonde não conseguimos ir.

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Fotos: (c) Tremor / Nuno Gervásio (#1 [destaque]) / Renato Cruz Santos (#2)

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