Adam Lambert mostra que há Queen além de Mercury


Antes de mais, tenho de dar a mão à palmatória: fui um grande defensor de que não existe Queen para além de Freddie Mercury.  Mas quando recebi uma mensagem de um amigo a perguntar se estava a ver Queen em direto no “Rock in Rio”, resolvi espreitar.

Bem, estive errado durante muito tempo. Adam Lambert, mostrou-me que é possível haver Queen para além de Mercury. E ele começou por desarmar-me: “devo dizer que só existe um único Freddie Mercury… esta noite estou a prestar a minha homenagem a ele!”. Nunca tinha pensado deste modo. Não se trata de substituir, trata-se de homenagear. Até porque Mercury é insubstituível, e haver Queen para além dele só reforça o que Mercury disse quando ainda era um anónimo: “Não vou ser uma estrela, querido. Vou ser uma lenda!”

E Lambert, juntamente com os dois senhores que são Roger Taylor e Brian May, deram um ‘show’ que podia ter vindo diretamente dos anos 70/80. Sem invenções, grandes clássicos da banda, um alinhamento lógico, contudo, imprevisível. Lambert, sem querer ser uma imitação baratusca, conseguia naturalmente fazer recordar Freddie, seja na voz, na teatralidade, na vestimenta… tudo o que se esperava de Freddie, sem ser Freddie, nem uma cópia descarada.

Houve momentos para os “dois Queen”: May com “Love of my Life e Taylor com “These Are the Days of Our Lives”, dois momentos de enorme nostalgia e homenagem de quem conviveu com ‘A Lenda’. Aliás todo o concerto foi uma homenagem, com duetos com Mercury através de projeção de vídeo. Não digo que foram os momentos altos da noite, porque a noite foi toda ela um momento alto! A interpretação de Lambert de “Killer Queen” faz -nos pensar se Freddie não teria feito esta música há 42 anos atrás para ser cantada por Adam em 2016.

Taylor e May tinham razão, Queen não pode parar. Afinal “The Show Must Go On”.  Quero dizer, uma banda que tem “Radio Ga Ga”, “We Are the Champions”, “Don’t Stop Me Now”, “Bohemian Rapsody”, entre dezenas de outras, e não as poder tocar, é como ter uma garagem com Ferrari, Rolls Royce, Bentley, e não poder conduzi-los.

Para ter sido perfeito só faltava John Deacon, o baixista que se afastou por completo depois da morte de Freddie. Porque, de certa forma, o Freddie lá estava. Se ele se juntasse a eles, poderia passar a ser Queen… sem + nada à frente. Eu aprovava!

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Paul Rodgers vs. Adam Lambert

A tentativa Queen + Paul Rodgers, na minha opinião, foi um fracasso e reforçou o meu estigma em relação à continuação da banda. Rodgers foi o vocalista dos Free (“All right now, baby it’s all rigth now”, lembram-se?), já tinha uma bagagem, os concertos tinham temas de ambas as partes. Não gostei. Arranjassem outro nome. Percebo que quisessem continuar o legado, mas não daquela maneira. Agora sim, o próprio Mercury deve estar satisfeito!

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Foto: Direitos Reservados

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