Agulha de Vinil: Radiohead – The National Anthem


Tendo-me habituado a escrever sobre uma banda em particular, um pouco sobre os seus elementos, trabalhos e influências, dei comigo a pensar: porque não fazê-lo também sobre a minha banda favorita? Mas depois de analisar um pouco o assunto, comecei a julgar as minhas capacidades. Só poetas conseguem descrever uma onda do mar cilíndrica a esbater-se na areia sob um pôr-do-sol perfeito. E então, seria eu que iria escrever sobre uma banda como os Radiohead? Coloquei a ideia de parte. Pensei depois: porque não escrever apenas sobre um álbum deles? E então lembrei-me dos meus álbuns preferidos (Amnesiac, In Rainbows, The King of Limbs) e cheguei à conclusão que tal seria igualmente difícil atendendo à complexidade dos mesmos. Fazendo uma análise superficial, talvez conseguisse descrever minimamente a estrutura das músicas, talvez se me cingisse aos factos tivesse a possibilidade de examinar até mesmo com alguma minúcia, a nível musical, técnico e lírico apenas um dos seus álbuns mas… E tudo o que fica atrás, que nos Radiohead é característico? Todo aquele magnificente significado que aparece nas entrelinhas, toda a beleza que se vai construindo e transformando à medida que a música deles se vai tornando familiar?

Não desistindo, pensei: porque não então falar de uma música apenas? Talvez fosse mais razoável. Talvez, se não escolhesse uma música muito complexa, conseguisse fazer minimamente uma descrição plausível daquilo que a banda realmente atinge: as sensações. Abandonei a ideia – seria igualmente impossível, mais uma vez devido à complexidade que se faz sentir de forma diferente em cada íntimo de nós. Mas se fosse só sobre uma música o atentado não seria assim tão grande, estaria a falhar, sim, mas só sobre um trabalho de centenas de outros já feitos. E então resolvi mesmo ir em frente, com as consequências subjacentes a esta decisão.

Assim, faço a minha pequena partilha sobre uma música do álbum Kid A (só posteriormente seriam lançados os meus três álbuns preferidos) chamada “The National Anthem”. A música, que chegou a abrir muitos dos concertos dos Radiohead, começa com um baixo tocado por Tom Yorke (que baixo), seguindo-se logo de seguida Jonny Greenwood utilizando um simples rádio FM e depois passando para o Ondes Martenot, um instrumento musical eletrónico com teclado, criado em 1928 por Maurice Martenot (vale a pena pesquisar um pouco sobre o assunto). De resto, de salientar as influências do grande Charles Mingus, a música eletrónica que então começava a fazer parte dos registos dos Radiohead, o grupo de metais (oito músicos convidados para tocarem trompetes, saxofones e trombones) e a letra simples e direta mas depois de se ouvir mais um bocado apotheek24h.com a tornar-se um pouco mais profunda do que inicialmente parecia. Porque o sentido implícito na música dos Radiohead, principalmente, nos últimos quatro álbuns, começa a perceber-se no seu todo a cada vez mais que se vai ouvindo. Por fim, a música vai acabando, envolvendo-nos numa onda sinfónica de ordem no caos, de uma sinergia de todos os elementos que se confundem e ao mesmo tempo se complementam.

Descrever obras de arte é ridículo, peço desculpa por esta tentativa falhada e que apenas se faça ouvir “The National Anthem”.