Ainda há fé e sol para os Faith No More


Longo é o período de tempo que separa “Album of the Year”, de 1997, e o novo “Sol Invictus”, que viu a luz do dia este mês de maio. Precisamente 18 anos, durante os quais a banda passou por um processo de rutura para depois se voltarem a unir em 2009 numa ‘tour’ que chegou a passar por Portugal, no festival previamente conhecido como Optimus Alive.

Foi durante o ano passado que surgiram os primeiros indícios de que o grupo se encontrava de novo em estúdio a gravar música nova, e os indícios provaram-se verdade com o anúncio de “Sol Invictus” em fevereiro deste ano.

O que se pode esperar desta segunda vida dos pioneiros do alternative metal? Já se passou muito tempo, será que continuam a saber entregar música da mesma maneira que o fizeram há quase duas décadas atrás? A resposta é não, não esperem um “Epic” versão 2.0, muito menos o soul de “Easy”, cover do clássico dos The Commodores, incluído em Angel Dust de 1992, considerado por muitos a obra-prima da banda. Mas o que definitivamente se pode esperar é a mestria com que sempre nos habituaram a misturar de forma quase aleatória os vários tipos de influências, do heavy metal ao funk, passando pelo rock, jazz e até samba.

“Sol Invictus” tem apenas 8 faixas e 34 minutos, pouco, se considerarmos o tempo que a banda esteve afastada, mas serve para tirar a barriga de miséria aos fãs de Faith No More, apesar de ser um retrato de uma banda a repetir-se a si mesma. “Superhero”, o ‘single’ lançado em março, não é mais que uma chamada ao passado, com as suas partes de rap e as sequências de piano a servir de fundo aos ‘riffs’ pesados.

“Mother fucker” soa a qualquer coisa saída do projeto paralelo de Mike Patton, Tomahawk, porém com o toque inegável de Faith No More. É de prezar que mesmo passado tanto tempo, o tom negro de Patton continua lá, o lirismo dramático e teatral mantém-se intocável.

“Sol Invictus” não desilude, mas também não traz nada de novo, tão pouco de especial ou de provocador como os álbuns mais antigos da banda. Não deixa por isso de merecer uma escuta atenta e uma viagem às profundezas da sonoridade eclética do grupo que está ainda firme para fazer jus ao ditado: ‘velhos são os trapos’.

 

Percurso de experiências e riscos

O baixista Billy Goud, juntamente com Roddy Bottum e Mike Bordin são os únicos membros fundadores que ainda permanecem na banda, aos quais se juntaram posteriormente John Hudson e Mike Patton.

A sonoridade da banda é sobretudo experimental e procura fundir diversas influências, foram das primeiras bandas ‘mainstream’ a juntar metal com rap abrindo caminho para a onda de nu metal dos anos 2000.

“Epic” é a composição mais conhecida do quinteto.

 

Fotografia © Dustin Rabin

+ There are no comments

Add yours