Amizade, festa e muita magia no último dia de Maré de Agosto
A caminho de S. Miguel o navio vai lotado. Lotado de caras agora conhecidas, caras que nos acompanharam numa jornada de três dias num pequeno festival, onde todos vão para o mesmo: vão viver o espírito da Maré. Talvez seja por isso tão fácil fazer amigos na Maré, deixar amigos na tão formosa Ilha do Sol.
Como já é costume, o fecho da Maré de Agosto é assunto sério. Não é qualquer banda que pode fechar as hostilidades de um dos festivais mais carismáticos que já tivemos oportunidade de viver. Este ano a difícil tarefa estava a cargo dos Kissmet e não podia estar melhor entregue. Talvez possa-se até dizer que se deixou o melhor para o fim. Bem, isto de melhor ou pior tem que se lhe diga… Digamos que a banda mais à imagem da Maré ficou guardada para o horário nobre do festival. Mais à imagem da maré porque é algo único, que nunca ouvimos falar e que provavelmente nunca mais teremos oportunidade de ver, mas que nos ficará na memória para sempre. Ora vejamos: homens de turbante, em vestes brilhantes, trouxeram os sons típicos da música indiana a Santa Maria, em fusão com sons mais chegados ao rock. Simplesmente memorável, não só pela música mas pela fantástica interacção com o público, admirável energia e felicidade devolvida a quem viveu três fantásticos dias de Maré.
No último dia da trigésima primeira Maré de Agosto, a abrir a noite houve folk-rock, rico em sopros, em jovens divertidos e em vozes harmoniosas. Nas mãos dos Brass Wires Orchestra a tímida plateia foi-se soltando e crescendo, até acabar em pleno com muito bater de pé. E os sopros são talvez o maior segredo dos facilmente apelidados Beirut portugueses, que conseguem preencher toda a música, todo o palco, ao mesmo tempo que debitam pormenores deliciosos, acompanhados por contrabaixo, piano, bateria e até banjo. A noite era especial para um dos membros, que fazia anos, mas foi também muito especial para quem saiu da tenda para apanhar o primeiro concerto da noite. Houve tempo até para a participação do percussionista da banda de origens indianas, os Kissmet, que viriam a convidar toda a banda de Lisboa e subir a palco no final da noite, para cantarem e saltarem todos juntos.
O momento mais simplista da Maré ficou também guardado para o fim. Três homens de preto e um de branco aparecem em palco numa configuração muito junta, a centrar toda a atenção e a dar a entender que seriam perfeitos para qualquer palco intimista. A música? Pura magia. Também ela simples, mas muito emotiva, com a característica voz de Michael Kiwanuka a tocar nos corações de todo o mundo presente. Na Maré é realmente tudo possível.
Este ano já foi. Aquele que é o festival que aguardamos com mais ansiedade todos os anos já passou. Vão dizer que estamos a exagerar… Não estamos. O facto da Maré ser baseada na descoberta de bandas, de saber que teremos um espírito que só aqui existe, de saber que aquela praia de areias douradas vai estar à nossa espera, torna este um dos poucos festivais que merece visitas consecutivas, anos a fio, sem duvidar por um segundo, sem ser necessário consultar sequer o cartaz. Se há quem diga que o melhor da festa é esperar por ela, certamente nunca foi à Maré de Agosto. Para o ano há mais!
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Existem pessoas que a mim parecem desconhecidas e que dizem tudo em tão pouco sobre o Festival Associação Cultural Maré de Agosto.