Aos 73 anos, farto de baladas, José Cid volta ao rock


Não “cai neve em Nova York”, nem há “uma cabana junto à praia”. José Cid diz “addio, adieu, auf wiedersehen, goodbye” à pop.

Se há quatro anos atrás, José Cid dedicava um álbum inteiro às canções românticas – “Quem tem medo de baladas?” – hoje assume que “estava um bocadinho farto” deste rumo. É desta vontade de regressar às origens que surge “Menino Prodígio”, o álbum recentemente editado pelo carismático e controverso músico português.

A associação de José Cid ao rock pode ser estranha para muita gente, habituada a ouvir “Favas com chouriço” ou “Como o Macaco Gosta de Bananas”, mas não é por acaso que o autor destas canções, a determinada altura da sua carreira – numa célebre ‘tirada’ de humor genial e talvez com um sentimento de injustiça – se auto intitulou como “mãe do rock português”. É que quando Rui Veloso – insistentemente considerado o pai do rock português – editou “Ar de Rock”, em 1980, já José Cid tinha uma carreira discográfica relativamente longa, em nome próprio e com o Quarteto 1111.

Mas não se pense que esta será apenas uma breve incursão neste universo musical. É que, além de “Menino Prodígio”, José Cid tem já dois álbuns rock quase prontos: “Vozes do Além” – que será editado em 2016, exclusivamente em vinil e limitado a 500 exemplares – e “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid” – um álbum que, como o próprio nome denuncia, terá uma sonoridade próxima de Beatles.

“Menino Prodígio” é um álbum com forte conteúdo político e expressa preocupações sociais. Talvez seja mais um álbum de reflexão do que de intervenção. “De Mentirosos Está o Cemitério Cheio” e “Aldeia Global” são exemplo disso.

“Blá! Blá! Blá!” e “Monstros Sagrados” – temas de 1971, do Quarteto 1111 – ganham, musicalmente, uma nova vida. Já a letra, embora tenha, pelo menos, 44 anos, até poderia ter sido escrita hoje.

A guitarra tem um papel central no álbum, e o desempenho de Chico Martins valeu mesmo um elogio de Steve Hackett nas redes sociais. Em entrevista ao site My Way, na sua habitual falta de ‘papas na língua’, José Cid diz mesmo que “há um solo de guitarra que é memorável e histórico para o rock português de todos os tempos”. Não sei se ficará na história, mas poderia figurar em temas de uma banda como os Extreme, por exemplo. E isso não é pouco.

Quando José Cid era criança muita gente o achava menino prodígio, que havia de “ser senhor diretor, presidente seja lá do que for”, mas, como conta o tema que dá nome ao álbum este “menino prodígio morreu”, e o seu epitáfio é a estrela em que se tornou.

 

José Cid na Festas do Nordeste em Julho

José Cid é a grande figura das festas do concelho do Nordeste, que este ano se realizam entre 15 a 22 de Julho. O músico de 73 anos actua no dia 18, e traz na bagagem este novo álbum – “Menino prodígio” – mas, certamente, não deixará de tocar alguns dos grandes êxitos da sua carreira. Este será, sem dúvida, um dos melhores concertos de verão na ilha de São Miguel. Os bilhetes custam 5 euros.

 

 

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