Ninguém quer que o verão chegue ao fim. Mas isso é inevitável. Por isso, o melhor é mesmo fazer uma grande festa de despedida.

O Azores Burning Summer encerra a temporada de festivais de verão e o cartaz é sempre uma homenagem ao calor, à despreocupação, à alegria, ao movimento, e à defesa do ambiente, claro!

O reggae, que tem sido um ponto central do cartaz das várias edições do festival, dá o lugar de destaque ao encontro de povos irmãos unidos pela língua portuguesa: Portugal, Cabo Verde e Brasil. Não há reggae, mas a festa está garantida.

Na primeira noite do festival, que tem lugar no Porto Formoso, nos dias 31 de agosto e 1 de setembro, vai sentir-se o calor dos ritmos africanos e brasileiros.

A noite começa com Luso Baião, uma banda que, como o nome deixa adivinhar, junta músicos portugueses e músicos brasileiros. Sedeada em Lisboa, a banda traz o característico som do nordeste do Brasil, marcado pelo acordeão e pelo triângulo.

Depois é a vez de Elida Almeida, a nova voz de Cabo Verde. Com apenas 25 anos, já tem dois álbuns e anda a espalhar pelo mundo a morna e outras sonoridades típicas da sua terra. Vai pôr toda a gente a cantar “Ó lê lê lê”. Se quiser ensaiar, procure pôr “Bersu d’Oru”.

Por fim, os Fogo Fogo. Vêm de Lisboa. Daquela “Lisboa Mulata” definida pelos Dead Combo. De dia, até podem comer pastéis de Belém, passear na Avenida da Liberdade, e ir ao estádio da Luz, mas à noite – às vezes até raiar o sol –, os Fogo Fogo transportam todos os que estão à sua volta para África. Só sabem fazer festa e andar em ritmos acelerados. Nenhum outro nome de banda ficaria tão bem como “Fogo Fogo” no cartaz de um festival vai “queimar” o verão.

No segundo dia do festival há invasão portuguesa: Orelha Negra, Moullinex, Da Chick são os destaques.

Ela diz que já tem saudades dos Açores, e isso só pode querer dizer que Da Chick vem com intenção de oferecer o seu melhor “cocktail”, com muito, muito, funk!

Já depois da meia-noite, é a vez dos Orelha Negra subirem ao palco. Com mais batidas e groove do que palavras, a banda portuguesa de que fazem parte Sam The Kid e Fred Ferreira, vai às raízes da música negra, junta hip-hop, funk, soul e jazz.

Sobre o que poderá fazer Moullinex, basta-me recordar que o seu concerto foi apontado pelo Manuel Silva, aqui no Meia de Rock, como o melhor da Maré de Agosto do ano passado: “Esqueçam o deck e os samples, aqui toca-se a música electrónica com instrumentos a sério. De baixo em punho e esqueleto livre, Moullinex transformou aquela que é sem duvida uma das melhores electrónicas produzidas no mundo em algo tangível, verdadeiro, sem truques e com muita dança à mistura”.

Destaque ainda para o concerto, no dia 1 de setembro, na praia, às 18h30, de Boots Reunion, a banda de blues que junta os açorianos João Alves, Tiago Franco, Clemente Almeida e António Alves. Oportunidade para ouvir os temas que farão parte do primeiro álbum da banda.

Defender o Ambiente

O Azores Burning Summer assume-se como um eco-festival. Essa atitude materializa-se, não só em ações simbólicas, mas em ações concretas: este ano há um “combate feroz ao lixo plástico”, por isso, entre outras medidas, pela primeira vez não haverá palhinhas, nem água comercializada em garrafas de plástico, nem palhetas de plástico para café no recinto.

Grande fogueira e música ao vivo

Como já é tradição, o festival encerra com o ritual da fogueira “Trinity”, na praia, ao nascer do sol, ao som de música ao vivo. “Trinity” é uma peça escultórica que representa a relação ancestral com o fogo e a natureza tripartida do ser humano: corpo, mente e espírito, reconhecendo a transversalidade do conceito tripartido na política através, por exemplo, da tríade iluminista da revolução francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), como também na música e nas três notas que compõem um acorde musical, ou nos princípios dos 3 Rs (reciclar, reduzir e reutilizar) e 3 pilares da sustentabilidade (ambiente, sociedade e economia).A chama, o elemento dinâmico e congregador da obra, representa a iluminação deste conceito.