O som de B Fachada é difícil de catalogar. Felizmente, a música não é um supermercado, e dispensam-se os rótulos. O que é fácil de afirmar é que se trata de um dos autores e compositores mais originais e trabalhadores da sua geração. Multi-facetado e multi-instrumentista – fruto de um longo percurso de formação musical clássica e jazzística – B Fachada atingiu a impressionante média de dois discos editados por ano, entre 2007 e 2012, sem que isso belisque a qualidade musical. Uma capacidade de trabalho que faria Sérgio Godinho – mesmo nos seus anos mais produtivos – parecer um preguiçoso.

Inconformado por natureza, B Fachada não conhece barreiras de estilos musicais e goza de uma liberdade criativa que lhe permite ir às raízes da música portuguesa com a sua viola braguesa, ou explorar a música electrónica e os ritmos inspirados em África. E se isto acontecer tudo ao mesmo tempo, melhor ainda.

Embora a frequente comparação de B Fachada com António Variações possa ser explicada apenas pela farta barba e pela fisionomia do rosto, a verdade é que há mais aspectos comuns: tal como o surpreendente ícone da música portuguesa dos anos 80, B Fachada arrisca a fazer as coisas de forma diferente do que seria esperado. Na edição de álbuns, por exemplo, fez um pouco de tudo: editoras independentes e edições de autor, CD, vinil e digital. E o facto de toda a discografia do artista estar disponível para audição gratuita em ‘bfachada.bandcamp.com’, e à venda por preços por vezes simbólicos, também mostra um olhar diferente sobre a indústria da música.

Tudo isto, para dizer que vale a pena passar no Arco 8 na próxima quinta-feira. Os bilhetes custam cinco euros e estão à venda no Caziff 3/4 Café, no Rotas e na Tasca, em Ponta Delgada.