Band of Skulls: tão bom que parece de outra década
Muita gente gosta de rock, blues, guitarras altas e atitude em palco (e até mesmo fora dele). Eu faço parte desta gente. Identifico-me quando a música é feita com emoção e tocada com expressividade, tornando um conjunto de grandes canções numa grande performance. Portanto, se eu fui conquistado nos últimos tempos, os meus reis têm sido os Band of Skulls.
Tocam blues/rock e rock alternativo, com intensidade, com grandes letras, são incríveis ao vivo e têm canções que me despertam emoções. São originários de Southampton, Inglaterra, e acabam de lançar o seu quarto álbum, “By Default”.
Russell Marsden, guitarra e voz e Emma Richardson, baixo e voz, unem-se nos riffs em uníssono e nas hipnotizantes harmonias de voz. Matt Hayward na bateria (e às vezes na guitarra em atuações mais íntimas), compõe o trio à antiga, mas moderno. Moderno no sentido em que adoptam elementos de estúdio mais recentes e pedais de efeitos que não existiam há dez anos atrás para criar sonoridades mais atuais. No entanto, sempre que tocam estão a servir a canção e a sua mensagem. Sim, eu escrevi “mensagem”, algo que os distancia (pela positiva) de muitos artistas que nos entram pelos ouvidos, todos os dias, sem que haja qualquer permissão da nossa parte.
Algumas das suas letras são incríveis, e não basta terem sido escritas… são cantadas de forma a captar a atenção do ouvinte. Como exemplo prático: ouçam “Bruises”, a parte em que a dinâmica instrumental baixa e entram os versos “I’ve got more to give, than I first thought to give”… Ouçam com auscultadores, na cama, no sofá ou no jardim. Com os olhos fechados ou abertos e o vosso cérebro fará um videoclip sem grande esforço. Esqueçam o YouTube.
Momentos como este podem ser repetidos em “Nightmares” ou “Cold Fame”, por exemplo.Tanto têm momentos pesados e agressivos, com uma sonoridade fuzzy, como também têm momentos introspetivos, com uma aura que simplesmente nos obriga a focar no som e a sentir algo. Têm refrões e solos cantáveis, e nas baladas, um “laid-back” característico que empurra a emoção para outro nível.
Nas entrevistas, as respostas costumam ser curtas e objetivas. Há pouco espaço para excentricidade. “Ouçam-nos e as vossas perguntas são respondidas”, é o que vejo na cara de cada um.
Há, também, um grande fluxo de trabalho e composição, pois quando gravam um álbum, dizem que têm músicas suficientes para gravar outro disco. “O difícil é escolher quais as músicas que ficam de fora”. Acredito.
No novo álbum, “By Default”, gravado numa igreja, notei uma diferente direção, no que respeita à sonoridade e ao público alvo. Não acho que a mudança tenha sido drástica, mas sinto que houve algum tipo de planeamento e compromisso em manter o rock, claro, mas misturado com refrões e riffs mais dançáveis e que ficam no ouvido (no caso de “So Good”, “Bodies” e “Erounds”), assim como canções mais curtas, mais “radio-friendly”.
Sinceramente, se isso é que os vai colocar na ribalta e nos principais palcos pelo mundo fora, que assim seja… Na realidade, não estou a falar de uma banda desconhecida. Eles acabam de tocar no Glastonbury, e fazem tours pela Europa e pelos Estados Unidos, mas acho que merecem outro crédito e mais visibilidade.
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