Ben Harper canta ao lado da sua mãe em novo disco


Que melhor homenagem pode um músico fazer à sua mãe? Talvez gravar um disco inteiro com ela. E se o lançamento desse disco acontecer no dia da mãe ainda melhor. Foi isso mesmo que fez Ben Harper.

“Childhood Home” é um ternurento disco de canções folk sobre família, amor e memórias de outros tempos. Dez temas simples e doces, cantados quase sempre em harmonia, a duas vozes, e com uma evidente cumplicidade.

Em pouco mais de meia hora, mãe e filho partilham histórias sobre o percurso da vida. Ben assina seis temas, e a mãe os restantes quatro.

Quanto ao som, Ben Harper afirma – sem esconder o orgulho – que “foi tudo gravado como o Elvis fazia no início. Nenhum instrumento foi amplificado. É tudo acústico”.

Afinal, quem é Ellen Harper? Certamente mais conhecida por ser “a mãe de Ben Harper”, Ellen não é propriamente uma novata na música. Trabalhou no Folk Music Center and Museum, loja aberta pelos seus pais e de que ainda hoje é proprietária, e onde aprendeu a dominar vários instrumentos.

Foi neste ambiente que o jovem Ben cresceu: rodeado de instrumentos e artistas. A loja dos avós era o destino diário depois da escola, já que Ellen era mãe solteira.

Um dos músicos que frequentava o Folk Music Center and Museum era o guitarrista Ry Cooder, que acaba por ter uma clara influência na carreira de Ben Harper. Basta ouvir os dois a tocar slide guitar para perceber o que quero dizer.

No seu site, Ben Harper assume que fazer um disco com a mãe era algo em que falavam há muito tempo, e diz mesmo: “Acho que sempre o quisemos fazer”.

Se, à partida, pode parecer que Ben Harper fez gesto simpático à mãe ao gravar consigo um disco, depois de conhecer o seu percurso familiar e musical, não posso deixar de pensar que foi muito mais do que isso. Acredito que Ben Harper sabe que deve tudo à sua mãe, que, não só tomou conta dele sem ter um pai por perto, mas ainda lhe abriu as portas para o mundo artístico.

Curiosamente, “Childhood Home” surge um ano depois de outro álbum em que Ben Harper fez um exercício de regressão no tempo. Ainda o ano passado, o músico juntou-se a uma lenda da harmónica, o virtuoso Charlie Musselwhite, para gravar “Get Up”, um disco que regressa às raízes do blues.

Vinte anos a cantar um mundo cruel

Em 1994, Ben Harper lançava o seu disco de estreia – “Welcome to the Cruel World”. Vinte anos depois, num vídeo que assinala a efeméride, Ben Harper assume, de forma emocionada, que esse disco é a razão de tantas coisas na sua vida. Não sei quando comprei o disco, mas sei que foi a partir de uma versão ao vivo da música “Please Bleed” – que nem vem neste disco – que me hipnotizou. Desde então, é um álbum a que regresso com frequência.

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