Cantou-se tradição com Camané no Teatro Micaelense
Dizem que o fado está na moda. Talvez esteja. No mínimo, pode-se dizer que o momento em que vivemos é, pelo menos desde o início do século, o momento em que os artistas de fado têm uma maior projeção, inclusive a nível internacional. Ana Moura, Carminho, Cuca Roseta e, claro, Mariza levam o nome do fado não só além fronteiras, como a todos os cantos e recantos de Portugal, em nome próprio ou até em festivais.
Mas, de entre todos os nomes do fado atual, Camané sempre foi o que mais me suscitou interesse. Não é que o seguisse com particular atenção – na verdade, o meu conhecimento da discografia do fadista é, de veras, reduzido – mas sempre me ficou entalado ter perdido algumas boas oportunidades para o ver num espetáculo ao vivo. Talvez pela sua inconfundível voz ou por sempre ter tido a ideia de ser um dos verdadeiros senhores do fado – um daqueles nomes que marcará para sempre um género – não me perdoaria se perdesse mais uma oportunidade de ouro.
Como tal, as expectativas para o espetáculo do Teatro Micaelense eram altas. Numa apresentação sóbria, com um inteligente jogo de luzes a dar o merecido destaque à guitarra portuguesa, guitarra e contrabaixo, Camané trouxe desde o fado do negrume ao fado ligeiro, numa noite que dificilmente deixaria alguém indiferente.
No Teatro Micaelense, o que mais impressionou foi a seriedade com que se vive o fado – o respeito por um género que é feito de tradição, o respeito pela história de quem foi tão importante. No Teatro, Camané cantou Marceneiro e não faltaram os temas que marcaram e continuarão sempre a marcar o fado. Não faltou a história, envolta numa certeza – o fado tradicional, fiel, é, e sempre será, inigualável.
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Foto: Fernando Resendes / Teatro Micaelense
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