Bob Moses: “Days Gone By”, a reinvenção do electropop |electro-doméstico
O que acontece quando o deep electro se encontra com uma voz e letra pop? Bob Moses, claro! Confuso? Não fique… Bob Moses é isto mesmo: a junção de dois mundos aparentemente distantes, sem desvirtuar nenhum deles.
Se já houve aproximações do mundo do electro ao mundo pop? Sem dúvida. É fácil pensar por exemplo em La Roux, The Ting Tings ou até em Disclosure, mas Bob Moses é algo mais, algo para além de um base pop com uns toques de electro lá encostados. Talvez aqui a abordagem seja inversa: uma base de deep electro com uns toques de pop. Perguntará o leitor se no fundo haverá alguma diferença. Há, muita. Aqui a componente electrónica tem vida própria, funciona por si só, sem ser preciso sequer a voz, sem ser preciso nenhum artefacto. A repetição não é tabu, as letras cheesys não são tabu, a junção dos dois é algo de extraordinário!
Pode parecer um só artista, mas Bob Moses são dois colegas de turma que ao fim de muitos anos se juntam num encontro improvável. Improvável não só pelas implicações geográficas que um encontro furtuito em Nova Iorque implica, mas também pelo hiato musical que os separara anos antes: um tocava numa banda de rock, o outro era DJ de música trance. Talvez seja este o segredo para a singularidade do duo, a junção da electrónica com instrumentos e elementos que não lhe são assim tão comuns.
“Days Gone By” é o álbum de estreia e entra directamente para a lista dos melhores do ano. Não há medo de faixas longas nem de refrãos que ficam na cabeça. Aqui pode-se dançar, mas também se pode cantar. Este encontro do melhor de dois mundos é estranhamente eficaz, trazendo um álbum fortíssimo quando visto como um todo, mas em que cada faixa vale por si só, isolada como se de um single se tratasse.
E já que falamos da força de faixas isoladas, o difícil mesmo é escolher uma para dar destaque. Talvez avancemos com “Too Much is Never Enough”, que espelha bem a identidade do duo norte americano: instrumental suportado por uma base electrónica de grande profundidade, com vocais que facilmente nos ficam na cabeça. No final, o melhor é ouvir o álbum completo!
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