“Drunk”: o dia-a-dia com significado de Thundercat


Para os mais distraídos amantes de música, o melhor que traz o novo ano são mesmo os ‘tops’ do ano anterior. É aqui que aparecem os grandes álbuns que às vezes nos escapam. Também é verdade que aqui aparecem aqueles álbuns que não conseguimos perceber como conseguem chegar a um ‘top’ do que quer que seja – até arrepia. Mas não falemos de coisas tristes – o gigante álbum que nos escapou é um dos registos mais interessantes que temos visto por aí. Falamos de “Drunk”, o álbum de Thundercat que prova que um álbum divertido pode também ser um álbum de topo.

Saiu em fevereiro de 2017 – temos andado mesmo a dormir – e apesar de ser impossível não ter ouvido “Friend Zone” na rádio, só agora nos apercebemos da dimensão do terceiro álbum de Thundercat. Vinte e três faixas passam a voar – muitas delas são muito curtas, na verdade – numa narrativa mundana da vida, envolta em linhas de baixo simplesmente irresistíveis, com alma soul e um funk de calças à boca de sino capaz de nos levar para a melhor parte dos anos 70.

Aqui, Thundercat conta como gostava de ser um gato – até mia em “A Fan’s Mail (Tron Song Suite II)“ –  e fala sobre as rotinas matinais em “Captain Stupido” – a música que nos transporta para o mundo de Zappa -, mas há uma aura negra que continua a acompanhar o som de Stephen Bruner. Depois de dois álbuns com o apocalipse como pano de fundo, Thundercat consegue distanciar-se de um registo sombrio com uma mestria invejável, sem perder um pingo de identidade e continuando a fazer todo o sentido. No final de contas, ficamos com um álbum divertido, mundano, mas que também consegue ser sombrio e nos pôr a pensar – ficamos com uma obra-prima com uma capa genialmente pateta!

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