Elevador da Bica deu lugar a pista de dança por uma noite


O elevador da bica não é mais o elevador da bica. A calçada da bica já não se sobe no típico ascensor amarelo da Carris. Agora, pelo menos entre as dez e a meia-noite de quinta-feira, o elevador da bica é a casa de Voxels e de todo o material sonoro que permitiu transformar a calçada da bica numa autêntica pista de dança. E foi com a sua casa estacionada no topo daquela que é uma das mais íngremes ruas de Lisboa, que Pedro Chamorra e Pedro Pinto apresentaram a sua música, uma espécie de mistura entre o Disco e o House. Funky, alegre, viciante e facilmente dançável, a música que saía das colunas da cabine improvisada levava até os mais tímidos a darem o seu passinho de dança. Uma coisa é certa, quem subiu a desafiadora bica não o fez em vão.

Lisboa estava repleta de gente, mais do que o costume. O NOS em Palco trouxe à capital mais de 30 bandas distribuídas por 13 diferentes locais, uns mais ortodoxos que outros, numa extensão de um quilómetro e durante cinco horas. E a verdade é que “A crise” de que falam os Time for T não é musical. A música portuguesa está a passar por uma das suas melhores fases, com criações fantásticas nos mais variados géneros. Prova disso é este festival que contou com o melhor da nova música Portuguesa, desde o hip hop à música electrónica, passando por Rock e Indie, sem esquecer a música popular.

Das muitas possibilidades oferecidas pela organização do festival, o Musicbox, no cais do Sodré, foi o palco escolhido para a segunda e, infelizmente, última actuação da noite. Este pequeno espaço, extremamente acolhedor e com uma arquitectura interior muito interessante, adivinhava-se o palco perfeito para o que aí vinha. A música ambiente era de agradável, o som era baixo, a conversa estava agradável e Rui Maia já passeava pelo palco, afinava pormenores e observava o seu público. Sem que nada o fizesse prever, as luzes baixam, a música ambiente cessa e começa a potente e remisturada “Kaleidoskope”, liga-se o projector e vê-se o homem por de trás de Mirror People, Rui Maia, a vibrar com a música que produzia naquele momento. Foi uma entrada triunfal, ouviram-se gritos do público, o êxtase era geral. A projeção vibrante acompanhava a versátil e melódica música electrónica de Maia, com sons retro a lembrar a velha disco dos anos 70 e 80, acompanhados de uma marcada linha de baixos. Uma actuação memorável, que me fixou do início ao fim, que levou o público ao rubro e que teve um final precoce. Apenas 40 minutos depois da inesperada entrada triunfal, deu-se o triste e também inesperado final desta poderosa actuação. Pequena de mais é certo, mas a valer por todos os seus momentos.

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