Florence and the Machine: “Grande, bonito e azul”


Florence Welch e a sua ‘Machine’ sempre caminharam naquela linha muito fina que separa a rebeldia ‘indie’ do pop orelhudo.

Com dois álbuns editados e canções capazes de encher estádios como a já muito rodada “You’ve Got the Love” ou mais recentemente “Spectrum” e sempre com uma produção majestosa e imponente, a Florence que vemos ao terceiro disco, lançado este mês, é uma Florence muito mais despida de toda a grandiosidade, mais terra a terra.

“How Big How Blue How Beautiful” (“HBHBHB”) mostra-nos sem sombra de dúvida um lado mais intimista da artista, passando não só pela própria produção mais acústica e com menos pirotecnia, mas também pelos temas que povoam as 11 canções. Agora tudo é mais pessoal, mais real e menos metafórico, como a própria disse em entrevista: “Ceremonials (2º álbum da banda) era tão fixado na morte e na água e na ideia de escapar ou na transcendência através da morte, mas o novo álbum tornou-se em aprender como viver e como amar no mundo, em vez de tentar escapar dele”. E estas palavras espelham-se na musicalidade de “HBHBHB”, a banda virou-se para a sonoridade dos instrumentos novamente e procura um equilíbrio entre o orgânico e o eletrónico, sem perder a sua grandiosidade característica, mas mais contida. Com alguns arranjos orquestrais aqui e ali e uma interminável secção de sopro no final da faixa-título que é capaz de nos levar a sítios longínquos.

O primeiro ‘single’ apresentado ao mundo, “What Kind of  Man”, começa com uma introdução atormentada sobre uma relação terminada para rebentar num poderoso ‘riff’ de guitarra elétrica, algo inédito no trabalho da banda até agora, com direito a coro, recordando-nos de “Ceremonials”, e mostrando todo o potencial e alcance vocal da voz da senhora Welch. “Ship to Wreck” é uma exceção à regra, traz de volta o tema da água. Apesar de Markus Travs, produtor do álbum, ter expressamente proibido a cantora de compor temas sobre água. A guitarra acústica abre caminho para o refrão que cai que nem uma bomba e mais uma vez manifesta o portentoso aparelho vocal de Florence.

No lote de temas mais intimistas temos “St. Jude”, uma ode à santa padroeira das causas perdidas e “Various Storms and Saints”, uma tempestade calma e melancólica.

“HBHBHB” veio provar e confirmar por uma terceira vez que não é por acaso que Florence Welch é constantemente apelidada de Kate Bush dos tempos modernos.

 

Digressão do novo álbum passa por Lisboa

A digressão de apresentação do novo álbum começou no mês de Março em Londres com um concerto mais intimista. O primeiro grande concerto de regresso de Florence and the Machine foi no festival californiano Coachella onde a cantora partiu o pé durante uma prestação eufórica de “Dog Days Are Over”. Recuperada do acidente, os portugueses vão poder receber a banda britânica dia 18 de Julho no festival Super Bock Super Rock, no MEO Arena, em Lisboa.

+ There are no comments

Add yours