King John lança duas novas canções em “45 RPM”
Foi a grande surpresa do Tremor e acaba de lançar um novo ‘single’, com dois temas, a simular o clássico vinil de 7 polegadas. Por enquanto, King John está apenas na internet, mas o objectivo é gravar um álbum que se possa “ter nas mãos”.
Fiquei com a sensação que apareces do nada, com um EP surpreendente. Como foi o teu percurso musical?
O meu percurso musical é praticamente inexistente. Nunca fiz parte de nenhuma banda nem de qualquer grupo musical. Mas a música, para mim, sempre esteve presente. Componho e escrevo desde adolescente, mas só há cerca de um ano e meio, e depois de ter feito mil e uma coisas na vida, é que decidi dar uma oportunidade à musica e tentar fazer algo com toda a matéria que tinha pronta.
Como é que vais gerir a publicação de todo este material que foste acumulando nos últimos anos?
Para um artista que está a começar e que quer ir mostrando o seu trabalho, tem que ser aos poucos. Expor algumas músicas e esperar por algum ‘feedback’. Ir trabalhando noutras ao mesmo tempo que se vai preparando para os espetáculos ao vivo. Foi isso que fiz e que vou continuar a fazer. Primeiro foi o EP “Home Recordings”, que foram as primeiras músicas que algumas vez gravei com o intuito de publicar. A maioria já estava gravada porque tinha estado a experimentar o meu “sofisticado” sistem de gravação – apenas um portátil e um microfone – e pensei que fizesse sentido mostrar como soava o projeto King John, já que o festival Tremor estava a chegar e quase ninguém conhecia a minha música. Mais recentemente publiquei a minha versão de um ‘7 inch’ antigo com um lado A e um lado B. A música do lado A foi uma daquelas que surgem do nada e que gravei num dia. Quando escrevi a letra e decidi o título, vi que fazia todo o sentido ter uma colaboração e lembrei-me da Sara Cruz. A do lado B foi a primeira música que alguma vez gravei do princípio ao fim. Muito provavelmente vou tentar lançar outro EP nos próximos meses.
Esta ideia de lançar uma versão digital do clássico vinil de 7 polegadas, e a própria sonoridade das tuas canções, remetem-nos para outras décadas. O que é que te atrai nesse universo passado?
Sou por norma uma pessoa bastante ligada a coisas do passado – não ao passado em si, mas às coisas antigas. Valorizo muito aquilo que nos trouxe ao presente, como, por exemplo, as coisas mecânicas. O meu gosto musical sofre um bocadinho essa influência: vou ao passado através dos artistas de quem gosto. É-me fácil ouvir Delta Blues dos anos 20/30, de Robert Johnson, como ouvir o lado mais folk de Jack white, um artista contemporaneo mas que também tem forte influência da música mais tradicional americana. Gosto muito também da forma analógica como se gravava, e alguns artistas ainda gravam. Hoje em dia a música é demasiado polida, é demasiado digital. Embora não tenha disponibilidade financeira para gravar em analógico tendo reproduzir um bocado esse tipo de gravação: as músicas que tenho publicado – infelizmente ainda só em formato digital – são gravadas quase sempre à primeira e vão mesmo com alguns “pregos”. Fica um som mais cru e é o que se calhar caracteriza a minha sonoridade.
Até onde é que pretendes chegar com a tua música?
Para ser bastante sincero, ainda não pensei nisso. Ainda é tudo tão novo para mim, que o que quero agora é ir ficando mais e mais à vontade a tocar ao vivo, que é, definitivamente, onde me sinto menos à vontade. Tenho o objectivo de um dia poder assinar por uma editora que me permita lançar um LP físico, e essa é provalvemente a meta, por enquanto. Tudo o que vier entretanto fará parte da curva de aprendizagem.
Criaste um nome artístico e fazes questão de manter a tua identidade um pouco reservada. É estratégia ou timidez?
Definitivamente mais por timidez, mas também com alguma estratégia. Nunca fui muito fã de projectos que são exclusivamente marcados pela cara de um só artista, e depois, ao vivo, serem 3, 4 ou mais elementos. Ao mesmo tempo que protejo a minha privacidade, protejo o projecto, e assim, se entrarem pessoas novas para tocar comigo ao vivo, serão King John também, e nunca “O” King John e a sua banda. Mas talvez o principal objectivo seja que as pessoas se foquem na minha música e não em quem eu seja.
Fotografia © Joana Camilo
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