Linkin Park – O grito de uma geração
Falar de Linkin Park é sempre algo um pouco nostálgico para mim. Eu fui aquela adolescente revoltada que berrava a tentar acompanhar os gritos melódicos de Chester Bennington num “Crawling”. Eu fui a doida que dançava ao som de “Faint”. Eu fui aquela se fartou de chorar ao som de “Leave out all the rest”. Eu fui um espírito activista que se ergueu com um “The Catalyst”. E hoje sou alguém que recorda com muita saudade todas estas personas com “Burn it down”.
Penso que falo por muitos quando digo que esta é uma banda que acompanhou uma geração de sofredores mas lutadores. De gente que não se acomodou e “gritou” por algo mais. Penso que os Linkin Park terão sido para mim o que foram os Led Zepplin para o meu pai, o grito de uma geração. Assim como eu evoluí, evoluíram também estes senhores, que passaram de um registo adolescente para uma versão mais adulta e consciente a partir do álbum Minutes to Midnight.
A primeira vez que ouvi Linkin Park devia ter os meus 13/14 anos. Na altura havia toda uma onda do chamado NuMetal da qual os LP foram basicamente os únicos sobreviventes, penso que muito devido à capacidade que tiveram em adaptar-se aos tempos e sons que acompanharam o panorama musical dos últimos anos. O primeiro trabalho, Hybrid Theory deve ser dos álbuns que mais esgotei nas colunas do meu computador. Temas como “One step closer”, “Papercut” serão sempre sinónimo de revolta com um mundo que na altura estava contra mim. Estava em luta comigo mesma e com os outros. O quanto sonhei ver isto ao vivo… E vi! Em 2007, no primeiro Optimus Alive. Inesquecível! Um misto de emoções ao ouvir “Pushing me away” só no piano e na voz do versátil Chester.
Depois veio Meteora, outro álbum mais do que batido lá por casa. Este, um trabalho mais “crescido” apesar de ainda lá estarem a mágoa e o drama da juventude. Mas aqui podemos encontrar um estilo mais ponderado. Foi obviamente um álbum estruturado que seguiu um conceito do início ao fim. Nesta fase, Mike Shinoda e Joe Hahn fizeram praticamente todo o artwork dos álbuns dos LP. Foi nesta altura que Joe Hahn fez a passagem dos cadernos de desenho para o vídeo, dirigindo quase todos os vídeos da banda a partir daí. Quem não ama um “Somewhere I belong” ou uma “Numb”? I do! A grande maioria vai lembrar-se da versão imortalizada no projecto Collision Course, uma verdadeira surpresa com a participação do rapper Jay-Z. Um sonho de Mike Shinoda tornado realidade num trabalho de Mash Ups entre músicas dos Linkin Park e deste senhor do Hip Hop, uma influência assumida por Shinoda nos seus early years de MC.
O trabalho seguinte, Minutes to Midnight, foi um verdadeiro leap of faith, já nem eu acreditava que esta gente fosse sobreviver, pois todos os outros do género haviam perecido. Eis que surge este álbum maduro e adulto, com preocupações muito típicas do jovem que acabou de se deparar com a miséria do mundo. Até ali tinha sido apenas a sua própria miséria. A consciencialização de que fora da minha bolha há pobreza, fome, guerra, destruição, poluição. Que o mundo morre a cada dia que passa. Recordo as imagens do vídeo de “What I’ve done”. Imagens fortes de um mundo devastado por todo o tipo de catástrofes, todas elas causadas pelo Homem… Esse animal. No entanto, Minutes to Midnight mostra também uma faceta fantástica deste “animal”, a esperança, a fé numa mudança que é possível se todos trabalharmos juntos para o bem comum. A capacidade de nos erguermos das cinzas como uma Fénix de “Hands held high”.
O que é mais impressionante nesta banda é o facto de se terem reinventado, de terem crescido sem nunca terem perdido o que define e marca a sua sonoridade. Quantos não ficaram pelo caminho. Muitos! Em 2010 lançaram A Thousand Suns, um trabalho virado para a vertente activista e social, que vem ao encontro do trabalho anterior mas com um power ainda maior. Com faixas de eye opening messages, de total rebelião contra o sistema, mas lá está, novamente a mensagem de esperança, tudo o que nos resta, a esperança. Temas como “Irisdescent”, “Burning in the skies”, e “Waiting for the end” são apenas alguns exemplos das faixas que podemos ouvir neste trabalho arrepiante. Esta fase da carreira dos Linkin Park é também marcada pelo aspecto tecnológico. Se virem o making of do vídeo de “Waiting for the end” vão perceber que estes criativos não brincam em serviço. Visualmente e tecnologicamente appealing. Tirado de uma história de ficção científica, just the way I like it. Aliás, sempre que ouço esta banda consigo imaginar milhões de histórias passadas em mundos distantes com raças alienígenas e com humanos com super poderes.
No ano passado, os Linkin Park lançaram mais um trabalho, o single escolhido para apresentar o trabalho foi “Burn it down”, e foi uma bela maneira de nos transportar para o mundo de Living Things. A viagem continua com temas como “Lost in the Echo”, “Castle of glass”, e “Victimized”.
Este ano voltaram aos álbuns de remixturas. Em 2002 já nos haviam trazido Reanimation, que nos presenteou com versões diferentes de Hybrid Theory, e de lados B que bem podiam ter sido mais um álbum de sucesso na carreira destes norte-americanos. Versões como a de “Crawling” ou de “Pushing me away” são algo de completamente extraordinário no panorama das remixturas. Apesar de Mike Shinoda ter em outros tempos dito que não voltaria a lançar um trabalho deste género, o “bichinho” falou mais alto. Recharged é o nome do novo registo que conta com versões de Living Things remixturadas pelo próprio Shinoda, Steve Aoki, KillSonik, DirtyPhonics, Schoolboy, e Rick Rubin. Muita água correu desde o “Rockalhado” e “Hiphopalhado” Reanimation. Agora o som é mais Electro, Drum&Bass, e Dubstepp. Continua a ser interessante, na minha opinião. Lá está, o grito de uma geração. Ou de várias.
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