Lotação esgotada com King John, Sara Cruz e Duquesa no Arco 8
Silêncio. A única coisa que faltou numa grande noite de música ao vivo foi, ironicamente, silêncio… Público difícil num Arco 8 a rebentar pelas costuras, com muita gente mais preocupada em pôr a conversa em dia do que a apreciar o que o Tremor fez questão trazer para casa. A noite não deixou de ser memorável, nem por sombras, mas “A malta do bar podia pedir cerveja num tom abaixo” – parece que o bem humorado Nuno concordou connosco.
A doce voz de Sara Cruz não merecia tanto ruído de fundo – sim, está a ser difícil ultrapassar o incidente – mas os mais curiosos, ou persistentes, com certeza não se importaram de levar mais uns encontrões ou de sofrer um bocadinho mais com o calor das primeiras filas da Galeria do Arco 8. Sara igual a si mesmo, a tomar conta de um palco na companhia da sua fiel companheira – a guitarra -, a cantar em português, em inglês, e a não vacilar de maneira nenhuma perante uma difícil audiência. A miúda que começou nos bares de Ponta Delgada mostra-se cada vez mais confiante, com uma composição cada vez mais forte e com a passadeira vermelha para um futuro risonho.
(c) Carlos Melo / Tremor
Da Galeria para o Bar. O rapaz de skinny jeans e t-shirt às pintas subia a um palco de dois ou três metros quadrados de guitarra em punho e nada mais. Nuno Rodrigues – aquele que concordou connosco – também dá pelo nome de Duquesa e veio ao Arco 8 com tudo. Já o tínhamos visto o ano passado no Tremor, acompanhado pela sua banda. Será que isto vai funcionar a solo? Vai. Funciona. Dúvidas infundadas e completamente destruídas assim que o rapaz de Barcelos dá os primeiros acordes e solta os primeiros versos. Temas como “Ice Cream” e “Times”, incluídos no EP de estreia, não perdem força e são os que mais conseguem agarrar o público, mas também houve tempo para covers e até músicas novas – de um trabalho que deve estar a cair nos próximos meses. No final, a “malta fixe” – os que efectivamente estavam ali para ver Duquesa – é que agradece.
(c) Carlos Melo / Tremor
Voltamos para a Galeria para partir tudo. Sim, já se esperava que King John fosse abanar com o Arco 8, mas parece que há sempre maneira do Rei nos surpreender. Na companhia de Paulo Fonseca na bateria, António Alves tomou conta do palco como se de um veterano se tratasse – continua a ser-nos difícil acreditar que este talento só conheceu o mundo há cerca de um ano – e trouxe muito mais que uma interpretação para a Tremor Tour – trouxe alma. Muito blues e guitarradas, novas músicas e ainda tempo para uma estreia absoluta de “Cool By Association” com a presença de Sara Cruz, João Alves e Jaime Sousa. O Rei sente cada vez mais que o seu trono é o palco. Mas verdade seja dita, a assumida estratégia de se resguardar dos palcos tem dado resultado – mal podemos esperar pela próxima oportunidade de ver a Família Real.
(c) Carlos Melo / Tremor
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Fotos: (c) Carlos Melo / Tremor
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