Mamonas Assassinas
Passado um mundial de futebol que trouxe surpresas, dissabores e …alegrias (sim os alemães devem estar felizes, corre-lhes a vida de feição), recordo uma banda daquelas paragens que, não sendo o meu tipo de escuta atual, devo reconhecer a sua importância para a minha ligação à música. Falo dos Mamonas Assassinas.
Lembro-me que a minha primeira impressão da banda foi de me rir com o que eles diziam. Tinha à volta de 13 ou 14 anos e música, na altura, – como dizê-lo? – “não era a minha cena”.
O seu sentido humorístico foi o que me chamou em primeiro lugar, não fosse isso e talvez não tivesse olhado duas vezes para a banda, mas rapidamente comecei a “ouvir com outros olhos” os seus temas. Ultrapassados os mais popularuscos “Vira-Vira” e “Sabão crá-crá”, apercebi-me de que havia mais profundidade na sua música como em “1406″, “Cabeça de Bagre II”, “Uma Arlinda Mulher” ou “Débil Metal”.
Fui crescendo e fui tomando consciência de que lado a lado com aquele humor adolescente havia um humor bem mais refinado, que na altura não compreendia a 100%. E musicalmente? Bem, uma escuta atenta e mais informada permite identificar a técnica, o domínio sobre vários estilos musicais, com excelentes pormenores, grandes solos de guitarra – mas que solos! (ver no Youtube espectáculos ao vivo para mais fascinação) -, os ‘slaps’ do baixo, aquele “batera” energético e mais regular que a economia alemã (“get it?”). Juntando a isso a capacidade de interpretação vocal de Dinho, não admira que tenham conseguido “Rockar” a partir de pagode (“Lá Vem o Alemão”), forró ( “Jumento Celestino”) ou brega (“Bois Don’t Cry”).
No seu auge, a banda dava 8 (?!) concertos por semana, além de serem presença assídua em ‘talk shows’, sendo convidados recorrentes do “Faustão”.
E foi nesse registo que a banda decidiu dar um último concerto para despedida antes de vir para Portugal, de acordo com um deles para “confirmar se as mulheres tinham bigode”. Infelizmente, deu-se o trágico acidente de avião que assim privou o mundo, do maior sucesso musical do brasil.
Há bandas humoristas com grandes músicos, mas com humor um pouco brejeiro, há outras com ‘finnesse’ na piada, mas que deixam um pouco a desejar musicalmente. Mamonas Assassinas foram a combinação perfeita dos dois mundos. Cinco jovens que realizaram a sua utopia.
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