Mark Guiliana – Do jazz ao electro beat
Quem é Mark Guiliana? A Time Out de Londres, uma das revistas de cultura mais conceituadas do mundo responde por mim: “What happens when you add hard bop drum masters Elvin Jones and Art Blakey to a 1980s Roland 808 drum machine, divide the result by J Dilla and then multiply to the power of Squarepusher? Answer: Mark Guiliana”. O elogio, justo, faz jus ao baterista americano de 31 anos, que ainda tem o mundo pela frente, e no entanto o talento é reconhecido no imediato, quer pela crítica, que curiosamente de uma forma geral abraçou a sua originalidade e inovação, quer pelos músicos com quem trabalha.
Tive o privilégio de o ouvir ao vivo, no Teatro Micaelense, junto com outro “gigante” do jazz, o pianista Brad Mehldau. O projeto que mantiveram a dois, chamado Mehliana, é simplesmente lançado pelo génio dos dois músicos, em que Mehldau se apresenta numa música eletrónica com uns teclados vintage alucinados, uma mão esquerda a tocar um “synth bass” ruidoso e pujante e Guiliana numa bateria acústica que poderia ser eletrónica pelo seu beat absolutamente simétrico e infalível. Tratou-se de um espetáculo único, aquele que assisti no dia 26 de março. É certo que para muitos, o nome Mark Guiliana tem como base o projeto Mehliana, e possivelmente os seus outros trabalhos com Avishai Cohen, mas Guiliana em Abril de 2013 lançou o seu próprio projeto a solo, intitulado Beat Music, um EP com a clara influência do baterista.
Para quem gosta de ouvir um baterista técnico e ao mesmo tempo inovador, meticuloso mas extremamente revolucionário, Mark Guiliana é o homem a seguir. Há algo transcendente na sua batida, que não prima por um ritmo único do princípio até ao fim de cada música. Por outro lado, a sua inconsistência rítmica deliberada e que ele próprio procura, vinda das suas próprias origens jazzísticas, é transfigurada num único processo rítmico claro e limpo, sem falhas, como poucos músicos conseguem fazer ao dominar o seu instrumento.
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