Noite inesquecível de Maré com o melhor público de sempre


O que torna a Maré num festival tão distinto? Não será difícil encontrar uma dúzia de razões para tal – afinal a Maré está a celebrar 33 anos de vida, sempre em actividade consecutiva. Desde a música que atravessa gerações à sempre magnífica Praia Formosa, com suas areias douradas e águas cristalinas, não faltam motivos para adorar este festival. Ainda assim, há algo mais neste pequeno recinto onde já passaram gerações e gerações de festivaleiros – há o melhor público de sempre. De palma fácil e pé leve, o público da Maré também tem voz activa no espetáculo, garantindo uma plateia de coração quente que impressiona todo e qualquer artista. Como diria o ‘speaker’ que ontem anunciava os artistas a subir a palco – “o público mais aberto, mais receptivo à mudança e mais receptivo a outras culturas”. “O melhor público de sempre”.

De quatro vozes, congas, teclas e uma guitarra se fez a actuação da primeira noite de Maré de Agosto. Vozes? Chamar “vozes” aos quatro monstros de palco que fizeram questão de meter toda a Maré de Agosto a dançar é muito redutor. Da África do Sul chegaram os Soweto Soul e trouxeram ritmos quentes, boa disposição e uma felicidade em palco invejável. De espírito livre, incrível genuinidade e qualidade musical, os Soweto Soul conseguiram o que mais queriam – levar toda a Maré para África do Sul.

Os sul-africanos deram o espectáculo da noite, é certo, mas o momento mais arrepiante – e talvez de todas as marés a que tivemos oportunidade de assistir – pertenceu aos La Sra. Tomasa. Um gélido silêncio varreu toda a plateia e subiu a colina, apenas as ondas do mar se faziam ouvir.

Barcelonenses de gema, o grupo não podia começar a sua actuação sem antes pedir um minuto de silêncio pelas vítimas dos recentes atentados em Barcelona. A Maré atendeu. Depois só deu festa! Com uma energia incrível, os espanhóis conseguem misturar os ritmos frenéticos do dubstep a ritmos quentes e tropicais. O resultado é a verdadeira festa, de público solto e alma aberta.

A abrir a noite houve música feita nos Açores. Cristóvam vem da ilha Terceira, mas podia vir de qualquer parte do mundo. Com uma voz e composição incríveis, numa actuação repleta de cordas, o cantautor açoriano conseguiu reunir uma considerável plateia para abrir a Maré de Agosto 2017 – conseguiu inclusive por todo o mundo a cantar. Com Cristóvam temos uma certeza – a música açoriana não tem só futuro, tem presente!

Agora só nos resta esperar pela noite que se adivinha memorável com Bombino, Matt Simons, The Strypes e 3rd Method. A espera contudo não se prevê difícil, com um banho de mar ao som de um ‘sound check’, ou até com um saltinho ao pequeno palco montado junto à praia. No final, a Maré é para ser vivida assim – sem pressas.

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Fotografia: Vera Marmelo

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