O regresso ao universo de Bruno Pernadas
Surpreendeu o mundo com o seu primeiro álbum e encantou o Teatro Micaelense em pleno Tremor. Está de regresso um dos mais impressionantes músicos portugueses da actualidade.
“Ahhhhh” foi a predilecta. Podia ter sido “Ohhhhh”, “Uau” ou até “Woow”. A primeira faixa de “How can we be joyful in a world full of knowledge” ganhou-nos, levou-nos a alma e todo aquele magnífico álbum de estreia revelou-se o bilhete de entrada para qualquer coisa inexplicável. Demorou, mas começamos agora a perceber – era o bilhete de entrada para o extraordinário universo de Bruno Pernadas.
Começam a faltar interjeições quando se ouve Bruno Pernadas. Já não há “ahs” nem “ohs” que o valham. Há apenas a visita ao mundo único – verdadeiramente único – do músico lisboeta. A história do mundo cheio de conhecimento continua com crocodilos sem pretensões de facilitar a vida àqueles que não merecem. “Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them” é a incrível continuação do primeiro trabalho de Pernadas, quase como se alguém metesse todo um universo em pausa durante dois anos, para agora retomar a vida como se nada fosse. Numa composição riquíssima, de arranjos sublimes e magistralmente preenchida, Bruno Pernadas continua com o seu som ímpar, de grande complexidade, mas agradável até ao mais duro ouvido.
Mas há mais Pernadas em Pernadas. Ao mesmo tempo que podemos viajar com o seu segundo longo duração, podemos também nos deliciar com um verão para esquecer – “Worst Summer Ever”. O álbum lançado em simultâneo por Bruno Pernadas tem como ponto de partida no Jazz, no sentido mais clássico do género, e acaba nos limites da imaginação daquele que é um dos mais impressionantes músicos portugueses da actualidade. Como é possível editar dois álbuns extraordinários ao mesmo tempo? Nunca saberemos…
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Fotografia: Vera Marmelo
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