Ornatos Violeta trouxeram o sonho à 35ª Maré de Agosto
Na Maré de Agosto, a noite de sexta-feira era o culminar de um sonho. Alcançar o inalcançável, corrigir erros do passado, terminar com “uma das maiores lacunas da Maré”. Tudo isto com apenas um concerto. Os Ornatos Violeta prometiam o mundo desde o dia em que foi anunciada a inesperada vinda a Santa Maria.
De tronco nu, olhar penetrante, sotaque inconfundível e presença inigualável, Manel Cruz fez o tempo passar depressa de mais, transformou aqueles registos épicos em histórias daquele momento, irrepetíveis. Com um alinhamento irrepreensível e com interpretações incrivelmente fiéis às versões de estúdio, os Ornatos Violeta meteram toda uma plateia a cantar a viva voz. Do mais velho ao mais miúdo – sim, é incrível como dois álbuns com 20 anos continuam a marcar gente de todas as gerações – ninguém ficou indiferente. Não faltaram momentos épicos, aquele “Ouvi Dizer” em uníssono do público, um espetacular e inédito ao vivo “Punk Moda Funk” ou aquele “Fim da canção” banhado em chuva miúda. Simplesmente inesquecível.
Antes de Ornatos, outro momento que se adivinhava marcante na Maré de Agosto. Maria Bettencourt voltava a subir ao palco da Maré de Agosto, 15 anos depois. Em 2004 Maria, uma pequena sonhadora, apenas com 10 anos, subia ao palco da Maré de Agosto com os Extreme. Os anos passaram e, não fosse Bettencourt, o rock continuou a correr-lhe nas veias. Agora o protagonismo cabe todo a Maria, mesmo com o seu pai, Luís Gil Bettencourt, sempre exuberante na sua técnica, em palco. Maria Bettencourt tem um legado pesado, mas veio à Maré provar que vale por si só.
Um espetáculo que primou pela sua força, energia em palco e música direta, de entendimento claro e de gosto fácil. Muito rock e muita presença de Maria Bettencourt, abrilhantados por uma atuação muito bem pensada e emotiva, marcada por uma subida a palco de toda a Direção da Associação Cultural Maré de Agosto para cantarem, em uníssono, “Sol Baixinho”, a música tradicional mariense que emocionou toda a plateia. Ainda se ouviram as gaivotas das “Ilhas de Bruma”, naquele concerto que trouxe a palco um dos criadores da Maré de Agosto – no meio de tanto rock, cheirou a maresia.
Foto: Maré de Agosto / João Dutra
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Foto de Destaque: © Maré de Agosto / Derrick Sousa
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