“Pesar o Sol” é o novo disco dos Capitão Fausto
“Agarrem-se bem. A viagem vai começar! – avisa o Capitão Fausto, já aos comandos da nave espacial”. Se “Pesar o Sol” fosse um livro, este poderia muito bem ser o primeiro parágrafo. Mas não, trata-se de um disco. Ainda assim, muito próximo daquilo que será uma viagem espacial.
O segundo álbum de qualquer artista é sempre aguardado com muita expectativa. É o momento em que sabemos se o primeiro trabalho foi um acaso, ou se, pelo contrário, há substância e consistência musical para construir uma carreira. E neste caso não há margem para dúvida: os Capitão Fausto são uma das grandes bandas do momento, e têm ainda tanto para dar.
Retomando a imagem inicial do artigo: estamos na ponte de comando da nave espacial, com um grande vidro a separar-nos da imensidão do universo. A viagem é dinâmica. Num momento, os astros aproximam-se em explosões de cor, para depois flutuarmos em contemplação do infinito.
Esta descrição tem, talvez, tanto sentido lógico quanto os trabalhos gráficos de promoção do álbum, que, tal como o som da banda, são claramente inspirados nos longínquos anos 60, marcados pelo consumo de LSD e de outras substâncias que tornavam o mundo mais… colorido.
O rock psicadélico e espacial dos Capitão Fausto, com raízes em bandas tão distintas como Pink Floyd, Yes, The Doors, ou The Beatles, e que na actualidade encontra o paralelo mais óbvio talvez nos Tame Impala, tem um som fresco e transborda criatividade.
Do ponto de vista técnico, as músicas têm uma estrutura muito livre: a mais longa do disco tem 8 minutos e mais curta – o instrumental que dá nome ao álbum – apenas dois. A textura que apela à imaginação é fabricada através da sobreposição de efeitos nas guitarras, nos teclados e mesmo na voz de Tomás, que acaba por não ocupar o espaço natural de destaque dado aos vocalistas. A voz, muitas vezes com o volume nivelado com os restantes instrumentos, funciona quase como um instrumento melódico.
Os anos 60 “correm” nas veias dos Capitão Fausto. Não é, por isso, de estranhar a edição de “Pesar o Sol” em vinil pela “Rastilho Records” – anunciada para o fim de Fevereiro.
Se gostar de “Pesar o Sol”, não hesite em ouvir “Gazela”, o disco de estreia da banda, lançado em 2011.
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