Phantasmagoria – A “magnum opus” dos Curved Air
Tal como tinha prometido na semana passada, venho falar sobre o álbum dos Curved Air que indubitavelmente nos faz escutar com atenção o que esta banda nos tem para oferecer. Para não contrariar a máxima “à terceira é de vez”, Phantasmagoria (1972) é o álbum onde os Curved Air realizaram o que não tinham conseguido nos seus dois primeiros álbuns e… não voltaram a atingir nos restantes.
Não queria usar o termo single, até porque isso é um termo despropositado no Prog Rock, mas o tema “Marie Antoinette”, faz por Phantasmagoria o que muitos hits fazem pelos seus álbuns. É um tema viciante. Quem tem apenas 5 minutos para ouvir o álbum pode começar por ai. É um bom tema para iniciar um álbum. O Antoinette cantado por Kristina parece ecoar eternamente nos nossos ouvidos. É um ótimo cartão de visita com a fuzz guitar de Monkman ou os sintetizadores etéreos de Darryl Way.
A balada folk “Melinda (more or less)” é a única composição assinada exclusivamente por Sonja Kristina. É um tema agradável, fresco se comparado com as “excentricidades” do album, mas na minha opinião o tema, e o disco, ganhava mais se aparecesse a meio.
Também aconselho vivamente a escutar “Not quite the same” com atenção. A melodia do interlúdio onde Kristina canta em uníssono com as teclas, é mel com açúcar para os meus ouvido, mas mais saudável…bem mais saudável. Toda a atmosfera deste tema é soberba. É capaz de ser o meu tema preferido do álbum mas, no geral são todos tão bem equilibrados e com boas ideias e elementos Progressivos, que é difícil eleger o preferido.
Para quem gosta de King Crimson (sim, já estou a fazer comparações) vai encontrar algumas parecenças na 4ª faixa do disco, “Cheetah”, com o In the Court of King Crimson. O violino prende-nos de uma maneira impar e faz-nos esquecer que é um instrumental e que não temos a voz deliciante de Sonja Kristina. A sua intro faz-me lembrar o 10 000 anos depois entre Vénus e Marte do nosso José Cid. A “Cheetah” segue-se outro instrumental “Ultra Vivaldi”. É só um minuto mas um minuto intenso, envolto de classicismo e experimentalismo.
O tema homónimo do álbum é mais um que não envergonha este género. Não fosse o violino e uma voz feminina, poderia pensar que estava a ouvir Genesis em inicio de carreira (de facto nessa altura Genesis ainda estavam em inicio de carreira).
Quando mudamos a faixa para “Over and abobe” sentimos um baque de imediato. Entrada potente, aqueles kicks em 3/4 fica a matar. Um sentimento de “urgência” constante ao longo da musica, um rodopio de emoções. A condução swingada de Pilkington é um must, e mais uma vez (e nunca é demais referir) a voz única de Kristina. Até o outro (saída) do tema faz-me lembrar Lloyd Webber em Jesus Christ Superstar. Tudo o que é bom no Prog Rock, este tema tem. Se “Not quite the same” tem mel com açúcar, este ainda leva leite condensado.
Quando damos por nós chegamos a “One a Ghost, ALway a Ghost” o último tema do disco, também ele com tanto para nos dar e nós ainda a montar as peças do que se passou para trás.
Se eu não soubesse o que era o Prog Rock e me dessem a ouvir este Phantasmagoria, ficava fã incondicional do género. Ouso a colocar este álbum na prateleira de Selling England by the Pound, In the Court of King Crimson, Thick as a brick ou mesmo o Close to the Edge, com as devidas distâncias claro.
Sim, Curved Air podem ter ficado para a historia com a banda de Rock Progressivo que tinha uma miúda, mas Phantasmagoria é muito mais do que isso. É um grande álbum Prog, que parece-me muito subvalorizado. E em parte compreendo. Este álbum sofre do facto dos seus criadores serem uma banda de “2ª linha” do prog rock. Se tivesse a assinatura de Yes ou Genesis…era outra conversa!
Fica aqui o registo para os fãs do género, porque boa música não tem títulos!
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