Quando a família é talentosa e se junta em palco
A expectativa era muita, afinal trata-se de uma das melhores vozes do Brasil. Mas presenciar uma concentração de talento daquela magnitude foi, sem sombra de dúvidas, um privilégio muito além do imaginado.
Um concerto que nos transportou para a realidade familiar de um pai e dos seus filhos que se juntam ao serão a cantar os mais belos poemas emoldurados por melodias absolutamente encantadoras. E é assim que nos sentimos o concerto todo, como se fizéssemos parte daquela família.
Com um cenário que ia mudando de cor à medida que a temperatura das músicas oscilava ou nos fazia oscilar, fomos docemente embalados por um alinhamento que contou não só com músicas do pai, mas também dos filhos.
“Todo o Homem” de Zeca Veloso transmite-nos a sensação de um longo e terno abraço, onde versos como “Todo o homem precisa de uma mãe” nos ficam a ecoar muito para além do fim da música.
“Há um clarão no infinito/ Que posso enxergar/ De vez em quando me perco” assim começou Tom Veloso que nos deixou rendidos a um tema da sua autoria “Clarão”.
Moreno, o mais experiente dos irmãos Veloso, presenteou a plateia com o sambinha “Um passo à frente”.
Pelo meio, e como acho que não poderia deixar de ser, tivemos “O Leãozinho”, e claro, a música que dá nome ao espetáculo “Ofertório” que foi uma homenagem a Dona Canô, mãe de Caetano Veloso.
Antes de terminar o espetáculo, Caetano Veloso, de forma sentida, homenageou a vida de João Gilberto, recentemente falecido, com “Chega de Saudade”.
Ao fechar do pano reinou a certeza de que se alguma vez a máxima “menos é mais” se aplicou tão bem a um concerto, foi efetivamente nesta noite, onde toda a simplicidade de um pai a cantar com os seus filhos foi sobejamente superada pelo enorme talento de que os quatro são portadores.
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Foto: Fernando Resendes/TM
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