Quem vai à Maré sabe que vai à descoberta. Grandes nomes já por cá passaram, mas muitos mais são aqueles artistas que, sem  nunca termos sequer ouvido falar da sua existência, nos conseguem converter em verdadeiros fãs. Talvez por  isso, não são muitas as bandas que voltam a pisar este palco.

A grande exceção a este espírito de descoberta tão característico da Maré é a banda da casa. Nos 20 anos de festival, os Ronda da Madrugada já pisaram o teto do bar da maré por diversas vezes, sempre com espetáculos memoráveis – dificilmente esqueceremos aquela mítica noite com um concerto que acabou por se transformar numa verdadeira festa até ao raiar do sol, com direito até a uma espécie de discos pedidos ao vivo. Com este histórico, não é difícil perceber que a expectativa para voltar a ver os Ronda da Madrugada era, inevitavelmente, alta.

Depois de Orlando Julius & The Heliocentrics – um septagenário nigeriano, de vestes coloridas e com uma boa disposição e energia invejáveis – trazer um mundo de felicidade à Praia Formosa com ritmos dançantes de perfeição ímpar, chegava o momento mais aguardado da Maré.  A comemorar os 20 anos de carreira, os Ronda conseguiram superar todas as expectativas com o seu folk de grande qualidade, a provar que as bandas açorianas podem ser destaque em qualquer palco, em qualquer lugar do mundo. Não será fácil esquecer aquela plateia completamente lotada a cantar “Sou Serrano”, “Ó Pátria”, “Batam Palmas” e “Piratas do Parlamento”. “É por isso que temos força para continuar por mais de 20 anos” – esperamos bem que continuem!

Fotografia de Derrick Sousa

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