Algures entre o electro-rock de X- Wife e a disco fervilhante de Mirror People há, no meio de bolas de espelhos, flashes electrizantes e muito suor, Rui Maia. O homem que, segundo reza a lenda, nasceu com os pés voltados para a maior pista de dança do país, deixa para trás “Voyager” sob o alter ego de Mirror People e volta a ser ele próprio, agora com “Fractured Music”. Acabou-se o funky disco, as guedelhas afro e os Ray Ban. Agora é a sério, prepare-se para estremecer juntamente com a pista de dança, prepare-se para um minimal de perder a cabeça!

O single de avanço já fazia prever qualquer coisa de outro mundo. “Everything is changing”, bem à imagem do álbum de que faz parte, não é para ouvidos suaves e susceptibilidades à repetição. Aqui vê-se a verdadeira electrónica em acção, com uma batida que atinge os confins do ser, synths incrivelmente bem colocados e vocais subtis mas imprescindíveis. O vídeo acompanha o fulgor da faixa e não é – literalmente – aconselhado a pessoas que sofram de epilepsia.

É só isto. Os amantes da verdadeira electrónica só precisam disto… Um álbum que não é feito para chegar a este ou àquele, um álbum que vem directamente de dentro para a pista de dança, um álbum que é feito para dançar. Mas atenção, tudo isto não invalida que agarre em “Fractured Music” e o toque lá por casa – simplesmente aconselhamos vivamente a que o faça num espaço amplo, muito amplo.

Em jeito de conclusão deixamos um conselho de amigo: se quer ter o maior clube da sua terra esqueça os Disc Jokeys de meia tigela e faça a diligência de por Rui Maia a tomar conta dos discos. Se por via das inquietudes do universo não lhe for possível não faz mal, é só reservar o deck para um “Fractured Music” em loop – o álbum faz o resto!