Saffra: uma agradável surpresa
Quando conduzo, nunca vou sozinho. Mesmo quando o lugar do pendura vai vazio, há sempre uma voz na rádio que me acompanha. E se eu conhecer a música, aí então sou eu que a acompanho. Normalmente, prefiro levar os meus discos para o carro – tal é a monotonia da maior parte das rádios – mas, há sempre um momento em que já ouvi o mesmo álbum demasiadas vezes, e lá volto a dar uma oportunidade às rádios para me surpreenderem. O que, volta e meia, acaba mesmo por acontecer. Foi assim que conheci, por exemplo, a Banda do Mar: ouvi um ‘groove’ agradável e uma letra carregada de emoção e, com a ajuda do ‘Shazam’, lá descobri os responsáveis por aquele momento agradável.
Mas quando não há pendura, também não há Shazam. Aí é preciso recorrer a uma ‘aplicação’ que está cada vez mais em desuso: a memória. Basta decorar uma parte da letra até chegar a casa e depois perguntar ao “senhor Google” de quem são aquelas palavras.
Recentemente, tive que decorar qualquer coisa como “só sei que a safra deste ano vai ter beijos do que trigo […] ou eu muito me engano ou tu tens um plano de casar comigo”.
A letra, por si só, seria suficiente para chamar a minha atenção, mas, ainda por cima, o poema vinha embrulhado numa espécie de valsa com um toque de canção portuguesa, cantado por uma voz masculina com um timbre peculiar e com uma amplitude de voz impressionante.
Já em casa, o “senhor Google”, sempre muito prestável, lá me disse que o intérprete era um tal de Saffra. Agradeci a informação e fiquei por aí. Só mais tarde percebi que Saffra era o ‘renascimento’ de um artista conhecido dos portugueses por participar numa série para adolescentes.
Esqueçam o FF (sim… esse) e dêem as boas vindas a Saffra, um artista maduro com um disco de grande qualidade. O disco saiu em Setembro do ano passado, mas ainda está a tempo de colher os seus frutos.
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