SamFado: Não é samba nem fado. É a fusão dos dois géneros.
Para completar o ciclo de artigos sobre o Angra Sound Bay 2019, fomos falar com os SamFado, um dos quatro projetos finalistas, selecionado a partir das audições de Lisboa.
SamFado é um projeto musical de fusão entre Samba e Fado e eles pensam que o nome traduz bem a sua identidade. Além de que não gostaram de FadAmba, a outra hipótese para nome, dentro da mesma lógica. Pretendem misturar dois mundos que lidam com os dilemas da vida de forma diferente e que podem beneficiar com os respetivos pontos de vista.
Os SamFado são o Eduardo, a Inês e o Pedro, estudantes de Psicologia em Lisboa, tendo-se conhecido precisamente no meio académico, já que todos fazem parte da mesma tuna universitária.
O Eduardo é da Madeira, não vem de uma família musical, mas o pai, que cantarolava música brasileira pela casa, contribuiu para lhe despertar o gosto pela música e pela guitarra em particular; costumava tocar regularmente com amigos na sua ilha.
A Inês é natural da ilha Terceira, vem de um lugar onde a música estava sempre presente nos encontros de família; o seu instrumento é a guitarra, mas toca também bandolim, viola da terra e piano; aos 4 anos já cantava em karaokes, influenciada pela mãe, que também cantava e pelo pai, que tocava guitarra; na ilha, participou em vários projetos e em dois musicais de grande sucesso local, estando muito ativa atualmente na sua tuna, onde canta e toca, atuando ainda como ensaiadora.
O Pedro é brasileiro, da grande S. Paulo, vem de uma família pouco musical, mas ligada às artes em geral; como estudante, leva a música em segundo plano, mas isso pode vir a mudar no futuro; toca guitarra, acústica e elétrica, bandolim e harmónica; começou a tocar guitarra aos 7 anos e, desde então, nunca parou, procurando evoluir, participando em bandas, rodas de samba e trabalhos de produção musical.
Enquanto estudantes universitários, os membros do SamFado estão deslocados dos seus meios de origem e isso tem influência no seu desenvolvimento musical. Por um lado, reconhecem que Lisboa é uma capital culturalmente efervescente e que traz novas oportunidades, como o facto de se terem encontrado os três; por outro lado, há muita gente por lá a tocar e a cantar bem, o que torna o ambiente bastante competitivo, mas também estimulante. Sabem que são um pequeno projeto, mas têm vontade de o levar em frente e adoram o impulso que os move.
O Pedro (Cotti – fixem este nome) é o autor das músicas e letras do grupo. As suas fontes de inspiração são a beleza e a simplicidade dos elementos do quotidiano, a saudade de casa e a inevitabilidade das mudanças, bem assim como a complexidade de cada pessoa e as relações interpessoais. Sente-se influenciado por alguns compositores, entre os quais destaca Zeca Baleiro, João Bosco e Seu Jorge.
Embora já tocassem juntos ocasionalmente e já existisse a ideia de lançar um projeto conjunto, a verdade é que o grupo se formou para concorrer ao Angra Sound Bay 2019. Isso aconteceu por recomendação do pai de um deles e por influência de alguns amigos. Partindo de originais do Pedro, prepararam 4 temas “em cima do joelho”, mas acabaram por apreciar bastante o resultado final. Um dos temas foi mesmo finalizado horas antes do concurso. Qualificados para a final (que decorreu ao ar livre, em Angra do Heroísmo) e com um tipo de música e um som mais intimistas, pensados para pequenos espaços interiores, sem grandes recursos de instrumentação e amplificação, não ganharam nenhum prémio, mas consideram a experiência muito gratificante por terem saído da sua zona de conforto e por tudo ter acontecido tão depressa.
Depois do concurso, foram convidados pela FNAC para tocar novamente em Alfragide e atuaram num casamento. Entretanto, gravaram em estúdio um dos seus temas, “Só Por Uma Noite”. Surgiu já um convite para atuar na ilha Terceira, em setembro, nas famosas festas de S. Carlos. Neste momento, reconhecem que estão numa fase mais contida pois têm que conciliar os estudos com a música, mas pretendem retomar o projeto o mais rapidamente possível.
No futuro, pretendem investir em equipamento próprio, aumentar e enriquecer o seu reportório, explorar mais a parte inspirada no Fado e investir ao nível da percussão.
O Meia de Rock/a capriccio teve oportunidade de ouvir os SamFado ao vivo e ficámos muito bem impressionados com a qualidade dos temas, música e poemas, com a voz da Inês e com o potencial do grupo. Se mantiverem a criatividade, o empenho, a atitude e melhorarem alguns aspetos mais específicos, poderemos ouvir falar deles no futuro. Afinal, os Quatro e Meia começaram assim. Os SamFado podem ser encontrados na sua página do Facebook.
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Crédito Foto: Andreia Rosa
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