Sara Cruz: dos bares para os grandes palcos dos festivais de Verão
Sara Cruz | Depois de se destacar no circuito dos bares de Ponta Delgada, dá o salto para os grandes palcos e vai ter oportunidade de abrir os concertos de Xutos & Pontapés e Resistência
É habitual ver-te atuar em pequenos espaços, ficaste surpreendida com os convites para os festivais Lagoa Comvida e Festa do Chicharro?
É verdade que costumo atuar em espaços mais pequenos, maioritariamente bares em Ponta Delgada, por isso foi, sem dúvida, uma surpresa bastante agradável. No Lagoa Comvida, vou atuar a solo; na Festa do Chicharro, com o Trio. Serão duas atuações extremamente importantes para mim.
Serão, então, duas noites muito diferentes. Como descreverias o que estás a preparar para cada uma delas?
Sim, definitivamente duas noites muito diferentes! Na primeira, dia 5 [amanhã], vou atuar a solo, como já disse. Consigo sentir o peso da responsabilidade de abrir o palco para uma enorme banda portuguesa, mas é uma sensação fantástica. Estou um pouco nervosa, naturalmente, mas estou a trabalhar para que corra tudo bem. Vou tocar vários temas originais e também alguns ‘covers’, optando sempre por tocá-los de uma forma mais própria, mais minha. Será, claramente, um trabalho diferente daquele que faço nos bares por onde toco. Quero dar-me mais ao público como artista, quero partilhar os temas que guardo no baú e quero que as pessoas os sintam comigo. Dia 11, com o Trio, será, basicamente, uma estreia. Tocámos apenas uma vez ao vivo e foi em registo acústico. Vamos tocar todas as originais que vou divulgar nos próximos tempos. É incrível ver os temas que escrevemos sozinhos no nosso quarto ganharem vida com outros instrumentos. O Gabriel Silva, no baixo, e o Hugo Ben-David, na bateria, são os meus companheiros neste projeto. Estamos todos entusiasmados!
Vais tocar no mesmo dia que Xutos & Pontapés, na Lagoa, e Resistência, na Ribeira Quente. O que é que estas bandas significam para ti?
Desde criança que conheço temas dos Xutos & Pontapés. Quem não conhece, não é verdade? Quase toda a gente sabe cantar o “Homem Do Leme”, a “Contentores”, a “Casinha”, entre muitas outras. Abrir o palco para eles é, para mim, um marco muito importante naquilo que espero vir a ser a minha carreira musical. O mesmo se passa com os Resistência, banda constituída por tantos grandes músicos portugueses. É um prazer enorme pisar o mesmo palco que eles.
Uma pesquisa rápida pelo teu trabalho disponível online mostra que te interessas particularmente por temas em inglês, quer nas ‘covers’ que fazes, quer nos teus temas originais. A música cantada em português não te atrai?
Não é que não me atraia, mas o meu objetivo com a música é poder levar a mensagem ao maior número de pessoas possível, e o inglês permite-me fazê-lo. Para além de que, para mim, escrever em inglês é bastante mais fácil. As coisas fluem mais facilmente.
Mas gostas de ouvir música cantada em português?
Gosto muito! Conheço temas lindíssimos em português. Acho que não há um tema do Rui Veloso que não mexa comigo.
E fora de Portugal, quem são as tuas maiores referências?
São tantas. Selah Sue, John Mayer, Matt Corby, Ben Howard, Amy Winehouse…
Sei que estiveste em estúdio. O que é que podemos esperar deste trabalho e para quando?
Já este mês vou divulgar o primeiro tema. Quem sabe até dois. Tem sido uma experiência fantástica e diferente. Gravei cinco temas, todos diferentes musicalmente uns dos outros. As pessoas vão ouvir-me num registo diferente do habitual, em algumas das músicas. Ainda estou a definir o meu estilo musical, mas é sempre importante arriscar e sair da nossa zona de conforto.
Que caminhos diferentes são estes?
O meu percurso até agora tem sido sempre a solo. Só eu e a minha guitarra acústica. Neste projeto, três dos temas foram gravados com ‘full band’, e só isso faz uma diferença grande na sonoridade. Tive a enorme sorte de trabalhar com excelentes pessoas e músicos. Na guitarra elétrica, Félix Medeiros; nas teclas, Hugo Medeiros; no baixo e na bateria, os músicos que me estão a acompanhar no Trio, como já referi: Gabriel Silva e Hugo Ben-David. A gravação e produção foi com o Emanuel Cabral. Estou extremamente grata a todos pelo fantástico trabalho.
As tuas atuações ainda são muito marcadas pela apresentação de ‘covers’. Elas vão sempre fazer parte do teu caminho?
Mais cedo ou mais tarde, quando tiver temas originais suficientes, vou tirar os ‘covers’ do meu repertório. Não quer dizer que não toque um ou dois, mas o meu objetivo final é apresentar apenas o meu trabalho.
Até onde achas que os teus temas te podem levar?
Gosto de acreditar que me podem levar longe. Tenho muito a melhorar, muito para evoluir, mas o sonho é a música e estou disposta a trabalhar o que for preciso para que consiga ter, um dia, uma carreira de sucesso. É preciso manter o pensamento positivo e muita vontade de trabalhar.
Depois de alcançares alguns dos principais palcos de São Miguel, qual é a estratégia?
Ideal seria que os meus temas originais me permitissem, eventualmente, internacionalizar o meu trabalho. Não tenho nenhuma estratégia específica… Trabalho, muito trabalho, e sorte também.
Fotografia © Sara Pinheiro
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