Teoria da obra prima e do álbum da maturidade


Acho que toda a gente tem uma teoria. Eu, que também sou, como diria o Nuno Gomes, “humano como as pessoas”, tenho a minha. De facto, até tenho várias, mas hoje gostaria de partilhar uma em particular, sobre uma observação que tenho feito sobre vários ícones do Rock. Identifico facilmente dois momentos distintos nas carreiras destes ditos ícones.
Primeiro momento: coincidência ou não, qualquer grande vulto da música, para o ser, teve a um dado momento, geralmente numa fase mais inicial da carreira, de criar aquela que seria a sua ‘magnum opus’, literalmente, em português, Grande Obra, ou Obra Prima!
Os Pink Floyd tiveram o seu “The Dark Side of the Moon”, os Deep Purple o seu “Machine Head”, os Queen o seu “A Night at the Opera”, os Led Zeppelin tiveram o seu quarto álbum, conhecido como “Led Zeppelin IV”, e por aí fora.
Fazendo um pequeno e agradável esforço, identificamos as ‘magna opera’ (É assim que se diz no plural. Tive que aprender latim para este artigo) de todos os grandes ícones, passe a redundância, do Rock.
Com carreiras mais regulares ou menos regulares, a verdade é que num dado momento atingiram a excelência, reservaram um lugar no panteão dos imortais. E repare-se que raramente isso aconteceu no álbum de estreia. Na maioria dos casos eram bandas já consolidadas e com valor confirmado quando foram bafejadas pela fortuna.
Segundo momento: O álbum da maturidade, para o qual não tenho expressão latina!
Já repararam que, após “O grande albúm”, qualquer artista parece perseguir a mesma fórmula, para atingir o mesmo resultado? A verdade é que após um momento de excelência as expectativas ficam diminuídas.
No entanto, como que cansados pela busca incansável, há uma espécie de resignação que resulta no tal álbum naturalmente polido, sem artifícios desnecessários. Mais com Menos. A mesma alegria dos primeiros tempos mas com outra sapiência, a mesma magia da obra prima, simplesmente sem o tal rasgo de genialidade.
É assim que surgem trabalhos como “The Division Bell (Pink Floyd), “Innuendo” (Queen), ou, dando um exemplo em português, “Popless” (GNR).
Como um dia disse Rui Reininho, é quando a banda atinge um estado ‘zen’. Infelizmente, muitas vezes, é também o canto do cisne.

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Gostaria de salientar que, para esta análise, estou apenas a considerar bandas/artistas com mais de dez anos de existência e/ou mais de dez álbuns de estúdio. Não sendo muito rígido nestas contas, naturalmente.
Isto, porque é preciso dar tempo às bandas para produzirem, errarem, estarem no topo e estarem no fundo. Isso só acontece com uma carreira longa.
Este artigo espelha uma pequena reflexão minha e gostaria de deixar o desafio a partilharem a vossa opinião sobre o tema em facebook.com/meiaderock.

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