Um festival para dizer adeus ao verão
O verão ainda não acabou. Mas o mês de agosto já foi, e levou consigo aquela luz especial. A rotina do trabalho já voltou, e aquele mergulho ao fim da tarde, que ainda sabe bem, já é acompanhado por uma brisa que está no limite do agradável. Os dias são mais ‘curtos’ e já se compram os manuais escolares. Mas não é o fim do mundo. É só o fim do verão.
Para evitar depressões precoces – estas ficam guardadas para os dias de frio e chuva a sério – o Azores Burning Summer é o remédio. O festival realiza-se no Porto Formoso – entre o verde do recinto principal e a areia da praia dos Moinhos – de 14 a 17 de Setembro e promete ser “alternativo, irreverente, singular e exclusivo” e forcar-se “na alegria, amizade, convívio e experiência”.
O reggae, o dub, o soul e o funk vão dominar a sonoridade do festival, que conta com Carroll Thompson, Brother Culture e Dennis Bovell, uma escolha de Adrian Sherwood, o produtor musical britânico que se assume a direção musical do Azores Burning Summer.
Estes três nomes, só por si, podem não ter o poder de chamar a atenção para o festival de forma massiva, mas a verdade é que são artistas com uma longa e reconhecida carreira internacional, que vão oferecer muita qualidade musical. Esta é uma estratégia que, a ser mantida, terá certamente resultados positivos ao longo dos anos, criando uma relação de confiança do público em relação à composição do cartaz, e dotando o Azores Burning Summer de uma identidade muito forte e de um ambiente único, características que devem ser alcançadas por qualquer festival que se quer implantar e durar muitos anos.
Dando uma ‘vista de olhos’ no percurso dos artistas que vão transformar o Porto Formoso na Jamaica dos Açores, saltam à vista, os artistas com quem já trabalharam: Carroll Thompson ‘emprestou’ a sua voz em estúdio a Michael Jackson, Stevie Wonder, Natalie Cole, Pet Shop Boys, Robbie Williams, Boy George, Sting, entre muitos outros, Dennis Bovell produziu álbuns de Alpha Blondy e Madness, e Brother Culture gravou o tema “Thunder” com The Prodigy.
“Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”, diz o ditado. Mas não se pense que valem só por isso. Espreitar a discografia destes artistas britânicos é mergulhar na melhor música das raízes jamaicanas. Não é nada de inovador. Nem tem que ser. É simplesmente bom. Muito bom!
Os artistas açorianos também têm um merecido espaço no Azores Burning Summer, e este ano – talvez ainda inspirados pela conquista portuguesa do Europeu de Futebol – há uma verdadeira seleção ‘regional’: Luís Senra com o seu trio, Sara Cruz, King John, Triki and Franco Blues Experience, e Confuzão Brass Band. A nossa música está em muito boas mãos!
Este é o festival que queima o verão, mas o fogo não é só metafórico: o ritual de encerramento do Azores Burning Summer – que promete tornar-se numa tradição mítica – envolve incendiar uma grande escultura em madeira, na praia, criando um espetáculo de fogo. Um momento simbólico para dizer adeus ao verão.
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Música, arte e ambiente
Paralelamente ao programa musical, o Azores Burning Summer assume uma ligação a outras formas de arte e dá espaço de destaque ao preservação do ambiental. É neste contexto que surge a LAPA (Land Art Project Azores) que promove anualmente uma série de residências para a criação de obras de arte na paisagem açoriana. Além disso, o festival promove ECOTALKS, conversas sobre ambiente, cujos temas serão: “energias renováveis”, “mobilidade elétrica”, “agricultura, florestas e sustentabilidade”, e “reduzir, reutilizar e reciclar”. Mas a defesa do ambiente não é “só conversa”, já que a preparação do festival implicou algumas intervenções como a remodelação e limpeza do parque dos Moinhos, limpeza do trilho da ribeira e plantação de endémicas.
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