Para quem acompanha o trabalho de Bob Dylan com curiosidade suficiente, acabará por chegar a outros aspectos que a ele se ligam e que abrangem campos que vão dos filmes, à imensa bibliografia que a seu respeito vai aparecendo, passando pelas artes gráficas, outros músicos que a ele se ligam, directa ou indirectamente e, claro, a fotografia. É precisamente por causa da fotografia este estranho título. Mas que é que se passa com as “patorras” do célebre músico? Não sei, nem me interessa, na verdade, mas já explico. Delaney Bramlett (1939-2008) e Bonnie Bramlett (1944) foi um casal de músicos que em 1969 publicou um primeiro disco. Souberam desde logo rodear-se de gente que deixou marca neste campo e já no primeiro disco surgem associados nomes como Card Raddle, Booker T. Jones, Isaac Hayes e Leon Russell, entre outros. Resolveram então alargar o nome do grupo e incluir os amigos passando a chamar-se Delaney & Bonnie & Friends. Publicam um novo trabalho mas o seu período de glória surge quando se juntam a estes “amigos” Eric Clapton e o misterioso L’Angelo Misterioso que de mistério só tinha o nome já que era, provavelmente, o mais conhecido de todos, George Harrison. Da sua mais famosa digressão resulta um disco que entrou na história como On Tour with Eric Clapton, publicado em 1970.

Este misto de blues, country, gospel e rock, continua a ouvir-se muito bem depois destes anos todos. Mas o principal desta conversa era a capa do disco. Segundo reza a história, ou a lenda, o que no mundo da música pop/rock tendem a confundir-se, as fotografias tiradas ao casal não serviam o propósito da capa. É aqui que entra em campo o fotógrafo Barry Feinstein (1931-2011). Fotógrafo da Life, trabalhou em Hollywood na segunda metade dos anos 50 fotografando vedetas como Judy Garland ou Steve McQueen. Nos anos 60, passou-se para a música e acompanhou Dylan na sua digressão de 1966. Nesta altura arranjou um lindíssimo Rolls Royce Silver Dawn para fotografar o músico. Uma dessas fotografias aparecerá na capa de On Tour with Eric Clapton, vendo-se o Rolls Royce no meio de um deserto com uns pés pendurados na janela. São os pés de Dylan. Fossem de outro e, se calhar, nem da fotografia se falava quanto mais dos pés. Mas é assim.