Uma verdadeira noite de Festival de Verão
Ao segundo dia de Monte Verde o sol apareceu e trouxe consigo ritmos de latitudes mais quentes e a mistura de culturas que tanto enriquece os festivais de verão: o reggae-bossa de Flavia Coelho – brasileira radicada em França – e o reggae de Alborosie – o italiano “mais jamaicano” do mundo. A abrir a noite, King John a mostrar que pode começar a pensar em voos mais altos, fora das ilhas que o viram nascer.
Ao microfone do Meia de Rock, antes do concerto, prometeu alegria e festa, e não podia estar mais certa: com apenas três músicos, incluindo a própria, Flavia Coelho encheu o palco, tocou guitarra, tocou bateria, cantou, dançou e pôs toda a gente a dançar com coreografias ensaidas no momento.
O facto de parte dos instrumentos da banda terem ficado perdidos algures numa gare de aeroporto não beliscou minimante a actuação de Flavia Coelho, que provavelmente ficará na memória de muitos como um dos melhores concertos do Monte Verde 2015.
Infelizmente, o calor gerado por Flavia Coelho acabou por desvanecer com uma mudança de palco muito demorada. Por incompatibilidade do horário de chegada a São Miguel, a banda de Alborosie acabou por ter que realizar um teste de som perante milhares de espectadores sedentos de festa.
Demorou, mas a espera valeu a pena. Bastaram três ou quatros minutos para que o ‘termómetro’ subisse em flecha. Quando Alborosie entrou em palco, depois de uma breve introdução da banda, já toda a gente estava em sintonia com o ‘mantra’ jamaicano: “No problem!”.
O som de Alborosie é poderoso, e a experiência e entrosamento da banda que o acompanha é tão grande quanto as suas longas rastas, que vão até ao tornozelo, quase a roçar o chão. Foi um concerto quase sem silêncios, com um encadeamento perfeito dos temas, e com uma grande interacção com o público, que trazia o refrão de “Herbalist” – um dos êxitos do artista – muito bem ensaiado.
Corro o risco de já ter escrito isto em qualquer lado, mas nunca é demais dizer que King John é um dos mais surpreendentes novos artistas açorianos. Foi a ele que coube a abertura do palco principal do segundo dia de festival, com uma actuação segura, despreocupada e com sentimento, como pedem os blues que levou a palco.
Alternando entre um dueto à White Stripes, com Sara Cruz na bateria, e um trio, quando King John saltava para o piano e entrava em cena João Alves para substituir o irmão na guitarra, o artista mostrou que está quase pronto para dar passos em frente na carreira.
Talvez por ser sexta-feira, talvez pelo próprio cartaz, a verdade é que a média de idades do público do Monte Verde – aparentemente – subiu bastante nesta segunda noite. Hoje há mais festa!
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Fotografias: Carlos Melo
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