Voltou a Portugal depois de viver alguns anos em Londres, e deixou cair a primeira parte do nome artístico com que se apresentava até ao fim do ano passado – Walter Benjamin – e transformou o segundo nome em português: agora é simplesmente ‘Benjamim,’ e já tem o primeiro disco cá fora.

“Auto Rádio” acaba por ser uma homenagem à carrinha Volkswagen Golf de 96 que levou Benjamim numa viagem de um mês em que tocou 33 vezes.

E o resultado do disco reflete também esse gosto pela aventura e por desafios que marquem a diferença. Porquê?

Porque Benjamim tem a ousadia de começar o álbum com um tema próximo do instrumental, que me levou a dar umas pancadas nas colunas do meu carro, porque pensei que uma delas não estivesse a funcionar. Só quando começou o segundo tema, percebi que afinal estava tudo bem com o sistema de som. Estaria o rádio em modo aleatório, e seria aquela uma música “escondida” para fechar o álbum? Não, Benjamim gosta de provocar e arriscar, e volta a fazê-lo várias vezes ao longo do álbum.

As comparações são inevitáveis quando se apresenta um novo artista, e embora não tenha exactamente a mesma sonoridade, é impossível não reparar que Benjamim tem uma abordagem lírica e musical – e uma barba – próxima de B Fachada.

Lá mais para o fim do álbum, “Auto Rádio” sintoniza a nostalgia, quando o locutor anuncia um tema de 1973, de A. P. Braga e Fausto Bordalo Dias: “Rosie”.

Destaque ainda para o primeiro ‘single’ do álbum – “Os Teus Passos” – uma música pop dançável com ‘boa onda’, e para um instrumental viciante, digno de constar na banda sonora da saga cinematográfica “Ocean’s” – “Sintoniza”.