“10.000 anos depois entre Vénus e Marte” de volta ao palco


Acho que já deu para perceber que, dos colaboradores do Meia de Rock, eu sou o “progger”. Por isso, não podia deixar passar em claro esta magnífica notícia sobre aquele que é considerado o melhor álbum de rock progressivo feito em Portugal: “10000 anos depois entre Vénus e Marte”, de, nada mais, nada menos, que José Cid. Sim, esse mesmo.

Algures na sua carreira, José Cid conseguiu sair do seu habitué para criar um álbum conceptual, com uma sonoridade carregada aos ombros pelo seu mellotron, num estilo totalmente diferente do seu restante trabalho.

Cotado entre os 100 melhores álbuns de rock progressivo do mundo inteiro, “10000 anos depois entre Vénus e Marte” é reconhecido internacionalmente, mas praticamente anónimo em Portugal.

Mesmo para quem o conhece em Portugal, o álbum padece de um ‘bem’: é de José Cid. Passo a explicar. Embora seja um bom álbum, fico com a impressão de que é sobrevalorizado porque é sempre comparado com a restante discografia do autor.

É um bom disco, mas não creio que seja o melhor ‘prog’ Português. Os Tantra, por exemplo, conseguem ser uma versão camoniana, de Genesis, King Crimson e Yes do início dos anos 70. Já José Cid, não o alcança.

Atenção! Não pensem que não gosto deste álbum de José Cid, pelo contrário, admiro bastante a carreira deste músico, que foi – como o próprio admitiu – “capaz do melhor e do pior”. Tenho enorme respeito por este álbum, mas a verdade é que, apesar de muito interessante, não chega a fazer aquela ‘faísca’ que gosto de sentir num bom ‘prog’.

No arranque do álbum, com “O Último na Terra”, ficamos com a sensação de que ‘a coisa’ vai ‘descolar’. E de facto é isso que acontece logo no tema seguinte – “O Caos” – com uma sonoridade a lembrar Pink Foyd no álbum “Animals”. Não sei porquê, mas acho que é do ‘maldito’ mellotron.

É nos temas “Mellotron, o Planeta Fantástico” e “A Partir do Zero” que a nave atinge o pico do voo. (“That’s what I’m talking about”). É pena, no entanto, que a toada não seja sempre esta. O álbum só teria a ganhar com isso.

“10000 anos depois entre Vénus e Marte” é de escuta obrigatória para qualquer português e para qualquer apreciador de boa música. É a prova de que José Cid é capaz de bem melhor do que aquilo que nos tem oferecido ao longo de todos estes anos. Ao seu prog rock só faltou um pouco mais de ousadia. Será que consegue fazê-lo no seu próximo trabalho? (ver caixa)

 

José Cid vai lançar novo disco de rock

José Cid anunciou recentemente que vai dar um concerto no dia 11 de abril, na Aula Magna, em Lisboa, e no dia seguinte na Alfândega do Porto, em que irá interpretar o seu único álbum de rock progressivo, de 1978: “10000 anos depois entre Vénus e Marte”. O músico revelou ainda que vai apresentar temas do seu próximo disco, “Vozes do Além”, um trabalho que terá um registo sonoro mais próximo de “10000 anos depois entre Vénus e Marte”. “Vozes do Além” está escrito, pelo menos, desde o início de 2013, segundo afirmações de José Cid em entrevista ao SAPO Música. O músico tem estado em gravações, presumivelmente já para este novo álbum que, no entanto, não tem ainda data de lançamento anunciada.

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