A Maré de Agosto está a começar: lê sobre o que vais ouvir.


Domingo, dia 18 de agosto. O parque de campismo da Praia da Formosa está praticamente vazio. Cada patamar fica por conta de um grupo de amigos ou de uma família, com direito a mesa, estendal de roupa e torneira de água para uso (quase) exclusivo. Tudo isto está prestes a mudar.

Em frente ao Paquete, do outro lado da rua, o teto da Associação Maré de Agosto já tem uma grande estrutura de metal montada por homens que têm trabalhado arduamente nos últimos dias, debaixo de um sol abrasador. O bar também já está montado, e já há um pequeno palco montado numa terreno quase no início da rua.

Quase todos os locais desta rua da Praia Formosa e quase todos os patamares do Parque de Campismo guardam memórias de muitos dias – e principalmente noites – de grande diversão e convívio durante as 8 ou 9 edições da Maré em que estive presente, e de todas as vezes que lá voltei em férias, fora da semana da Maré, porque a Praia Formosa também é – agora – para se aproveitar sem confusão.

Hoje, 22 de agosto, já não haverá sequer um ‘buraquinho’ para montar uma tenda no parque de campismo, toma-se duche na praia para não esperar na fila dos balneários, e o espírito maré já se espalhou como uma epidemia: não há preocupações. A malta quer é dar uns mergulhos, beber uns copos, conversar com velhos amigos e fazer alguns novos. E ouvir boa música!

Para alguns, como o nosso repórter, Manuel Silva – um veterano que, se não me falha a memória, já leva 10 marés consecutivas – será oportunidade para rever caras de quem nem se sabe o nome, mas a quem se dá um abraço porque está lá todos os anos. É pelos olhos e ouvidos do Manuel Silva que eu vou viver a Maré. A reportagem sai no dia 31 de agosto no Açoriano Oriental e em www.meiaderock.com. Se não pode estar presente, ou se vai estar mas quer saber como se portou aquela banda que ‘tocou quando ainda estava a lavar a loiça do jantar’, ou que ‘perdeu porque a visão já estava turva e o chão a fugir debaixo dos pés’, já sabe onde saber o que se passou.

Por enquanto, fica aqui o que se vai passar.

Hoje, começa a festa. E depois de um dia de praia – sim, eu sei que o tempo está mau, mas o termómetro vai atingir os 26ºC e a temperatura da água também está excelente – nada melhor do que começar a noite com ritmos quentes – se calhar até é mesmo melhor chover um bocadinho para refrescar o pessoal. Maruja Limón vêm de Barcelona e misturam ritmos latinos, som cubano, rumba, pop e flamenco.

A noite segue com o baile funk, o afrobeat, o dub e hip hop de Da Cruz, artista brasileira que tem recebido rasgados elogios da imprensa internacional.

A fechar a noite, Muyayo Rif. Mais uma banda de Barcelona, que vai encher o palco com muitos músicos e fazer uma grande festa, com música balcânica, disco, e ska.

23 de agosto há noite de rock: Maria Bettencourt é coroada como rainha do rock ao ter a honra de pisar o palco onde o seu tio (Nuno) e o seu pai (Luís) já deram espetáculos memoráveis. Vai ser, por certo, uma noite emocionante para Maria Bettencourt.

Depois, o grande destaque desta edição: não é todos os dias que se tem oportunidade de ver Ornatos Violeta ao vivo. É certo que não é a primeira vez que a banda se volta a encontrar em palco para reviver o passado, mas nunca se sabe se isto se voltará a repetir. Vai ser curioso ver se os Ornatos continuam a ter um grande impacto sobre a geração que nasceu já neste milénio: será que os adolescentes vão saber as letras das canções, ou vão perguntar “Ornatos quê?”. Um concerto a não perder. Se o teu melhor amigo apanhou uma gripe na noite anterior, faz-lhe um chazinho, e pisga-te do campismo a tempo da primeira música. Se ele te ligar durante o concerto, finge que não viste a chamada. São os Ornatos Violeta, caramba!

Já de madrugada, o rock vai ganhar nuances latinas com os Eskorzo, para puxar o pé para a dança.

A última noite traz ritmos africanos. Primeiro com Morgane Ji, da ilha de Reunião, que recorre a dispositivos eletrónicos para criar camadas de som para sua voz e banjo elétrico. O resultado é difícil de catalogar, mas muito fácil de absover.

Depois, a portuguesa Selma Uamusse leva ao palco as suas raízes moçambicanas.

A última banda a subir ao palco da 35ª edição da Maré de Agosto, vem da Alemanha, e toca rock e punk com influência da Irlanda. Está explicado o gosto dos The O’Reillys and the Paddyhats pela cerveja. Talvez por isso sejam os últimos a tocar: quem quiser pode beber uns copos para fazer a festa, e aproveita para esquecer que vai ser preciso esperar um ano inteiro para voltar à Maré.

 

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