Afectivamente…GNR


Há uns dias atrás, enquanto me preparava para ir trabalhar, assisti a uma entrevista ao Rui Reininho e Toli César Machado no Jornal da manhã da RTP1. Era sábado e a primeira coisa que me questionei foi “O Rui Reininho levanta-se ao sábado de manhã para ir ao telejornal?”.

Utrapassada a surpresa inicial, estive sempre atento aos comentários sóbrios de Toli e ao humor sui generis de Reininho. Aproveitaram para falar sobre a situação do estado (ou estado da situação?) e promover os seus dois concertos que se realizam a 15 de fevereiro no Coliseu do Porto e no dia seguinte no CCB em Lisboa.

Afectivamente é um aproximar da banda ao público, desligando-se da corrente e entrar em modo acústico, apresentando os clássicos da banda com uma nova roupagem. Eu reconheço o talento dos GNR em inovar e experimentar de álbum para álbum, e se há banda em Portugal que nunca teve medo de se reinventar, são os GNR.

O seu trabalho “Voos Domésticos” demonstra isso mesmo, a capacidade da banda em se despir e vestir do avesso, em pegar em grandes temas e transformá-los, com a mesma essência mas com nova vida (aconselho a ouvirem a versão Voos domésticos do tema “Piloto Automático” e “Las Vagas”).

Retrocedendo mais no tempo, apercebemo-nos de que os GNR nunca tiveram problemas em sair da sua zona de conforto. Os seus álbuns sempre se pautaram pela originalidade e diferenciação entre si, fazendo a comparação perigosa, mas deliciosa, com os Xutos&Pontapés em que cada álbum é um baralhar e voltar a dar, usando e abusando da mesma fórmula.

Os mesmos GNR que lançaram um Portugal precocemente na CEE em 1981 e tiveram a sua Independança no ano seguinte, são os mesmos que, nunca querendo parecer bonitos e sem cerimónias, dançaram a Valsa ao Sol e na sua pronuncia deram asas ao Roque n’Roll, que na realidade nunca foi o estilo da banda, mas aceitaram o epíteto porque nos anos 80 assim lhes convinha.

Com toda essa experimentação é normal que tenham tido mais sucesso com uns álbuns do que com outros, mas ninguém pode ficar indiferente à heterogeneidade musical dos GNR.

Com tudo isso, as expectativas só podem ser altas.

São… efectivamente, dois espectáculos a não perder, e uma banda para se ter afecto! 

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