Assim se cumpre um sonho: guitarra às costas dos Açores até Londres


Para Sara Cruz, o Tremor podia ser apenas uma recordação feliz, mas relativamente distante. Afinal, passaram já quase dois anos desde que teve a honra de abrir o cartaz da primeira edição do festival. Mas o Tremor é assim mesmo: consegue sempre surpreender, e desta vez a ‘carta escondida na manga’ era um bilhete de avião com três destinos – Lisboa, Porto e Londres – e dois passageiros muito especias – Sara Cruz e King John.

O Tremor quis dar a conhecer-se a Portugal e ao mundo e escolheu como cartão de visita dois dos artistas açorianos mais jovens e surpreendentes do momento.

Assim que voltaram do sonho à terra – aquela que os viu nascer –  Sara Cruz e King John contaram ao Meia de Rock como foi a sua vida na estrada, e de que forma é que isso mudou o seu futuro.

© Vera Marmelo

© Vera Marmelo

– Sara Cruz –

Que significado tem este ’tour’ por Lisboa, Porto e Londres para a tua carreira?

Para mim foi um passo enorme. Sempre sonhei, um dia, ter a oportunidade de levar a minha música a Portugal continental e a outros países, e isso aconteceu tudo no espaço de uma semana. Um sonho e um marco muito especial para mim. Além da experiência fantástica que foi, cresci com esta viagem e ganhei uma ‘bagagem’ muito importante. Em relação ao futuro, vou esperar para ver. Gostaria imenso, claro, que se abrissem portas como consequência deste ‘tour’. É preciso continuar a trabalhar, e sonhar muito.

Sentiste na pele a vida de artista “na estrada”? Como é que foram os vossos dias?

E de que maneira! Descobri que com três horas de sono, muito se consegue fazer. Foi extremamente enriquecedor. Estive sempre acompanhada por duas pessoas incríveis [King John e António Pedro Lopes] que tornavam quase impossível dar-se pelo cansaço. Conheci outras tantas pessoas maravilhosas. Foi uma semana de muito movimento, como nunca antes experienciei na minha vida. Cansados, mas de coração cheio. Porque, realmente, quem corre por gosto não cansa.

Qual dos três concertos te deu mais prazer?

É impossível escolher. Claro que o concerto em Londres foi mesmo muito especial, por ser a minha estreia fora de Portugal. Sonhava com esse momento, praticamente, desde sempre. Mas em Lisboa e no Porto também foi único. Foram todos!

O Fernando Alvim fez-te um grande elogio no seu programa, no Canal Q, ao dizer que pela primeira vez tinha ouvido aplausos sinceros no programa. Recebeste outras reações da tua participação em “É a vida Alvim”?

Recebi, sim. Especialmente de família e amigos. Foi um dos momentos, fora os concertos, que mais me marcou na viagem.

O que é que fica desta viagem para o teu futuro, enquanto artista?

Esta viagem foi uma daquelas coisas que demoramos um bocadinho a acreditar que aconteceu. Comigo levo uma experiência fenomenal e uma semana de muita informação, aprendizagem e crescimento. Uma semana de estar de guitarra às costas a levar o meu trabalho às pessoas. E isso vale tudo para mim.

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– King John –

O que é que esta viagem mudou em ti, enquanto artista?

Acima de tudo serviu para eu perceber que realmente há todo um mundo inteiro por explorar a nível artístico. Chegas a uma cidade como Lisboa ou Porto e apercebes-te disso e chegas a uma cidade como Londres onde, há partida, não há muito espaço para um artista desconhecido ter hipóteses, e vês as pessoas a aplaudir e a apreciar a tua música. É muito inspirador.

Qual foi a reação do público?

Eu acho que a reação foi muito boa. Em todas as cidades houve uma significativa presença açoriana, o que me deixou muito orgulhoso, e mesmo as pessoas locais deram-nos um ‘feedback’ muito positivo. Os espaços estavam bem compostos e embora cada espaço tivesse uma energia própria e sempre recetiva e animada, surpreendeu-me bastante Londres, onde, num Domingo à noite e a pagar entrada, estavam muitas pessoas a ver bandas completamente desconhecidas.

E daqui para a frente? Os teus horizontes mudaram com esta experiência?

Os meus horizontes mudaram assim que percebi que era capaz de perseguir este meu objetivo. Não foi necessariamente agora, mas definitivamente houve certas coisas nesta aventura que me fizeram sentir com força para quebrar algumas barreiras, até aqui um pouco distantes.

No programa “É a vida Alvim”, do Canal Q, a  certa altura dizes: “Passei dali para aqui, e agora já estou com uma guitarra na mão”. O que é que aconteceu?

[Riso] Eu não era para estar nessa entrevista. Supostamente ia ao “5 para a meia noite”, no dia seguinte, só que nunca confirmaram. O Alvim apanhou-me ali e ‘obrigou-me’ a participar – juntamente com o António e a Sara. E ainda bem, porque foi um experiência daquelas para mais tarde recordar.

Como é que está a tua agenda e quando é que poderemos ouvir novos temas gravados?

A agenda está a compor-se. Acho que vêm aí coisas boas. Eu tenho tocado alguns temas novos ao vivo, mas estou, neste momento, à espera de um apoio para saber se posso, pela primeira vez, gravar em estúdio. Já tinha dito que um dos meus principais objetivos a curto prazo seria lançar um EP físico, e é nesse sentido que estou a trabalhar. A fazer figas.

 

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Fotografia destaque: © Vera Marmelo

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