Azores Burning Summer: não chamem os bombeiros por favor


O derradeiro dia da segunda edição do Azores Burning Summer começou com vista para o mar. No pequeno palco montado no bar da praia dos Moinhos os DJs Nex e Tape foram aquecendo o terreno para os festivaleiros que ainda estavam a recuperar da noite de sexta-feira.

À medida que a tarde vai dando lugar à noite começa a primeira procissão do dia, para o outro recinto, no parque de campismo do Porto Formoso que ontem se encontrava muito mais composto de matéria humana. Aí, somos recebidos por Eurik e o seu DJ set, início de noite, público muito pouco animado, ainda.

Segue-se King John, só e apenas King John e a sua guitarra acústica, não precisou de mais nada, nem de outros músicos, nem de eletricidade para dar aquela multidão um espetáculo de blues vestido a nostalgia.

À memória veio-me a primeira vez que vi o rei ao vivo, há mais ou menos um ano e meio, no Tremor em casa, por acaso na minha casa, no mesmo formato acústico, mas tímido. Ontem à noite a timidez ficou em casa, tempo volvido e já mexe multidões, já é senhor de si mesmo e tem no repertório músicas que fazem parte do cancioneiro açoriano. Nunca mais precisou daquele cover de Chet Faker.

Agradecemos a King John e outro rei entra em palco, é ele Adrian Sherwood. Não lhe bastou a noite de sexta-feira, teve que voltar, e não veio sozinho.

Drum n’ bass contagiante é a receita para por centenas de pessoas a tirar o pé do chão, quem não se safou foi o ator José Wallanstein, que por lá andava, e pelos vistos também foi apanhado pelo vírus de sobrenome Sherwood. Tocou a todos.

Pelo palco e sob a batuta de Adrian Sherwood passou, ainda que por um curto período de tempo, MC-Talic, seguindo-se de Brother Culture que fez todo um público brilhar com a sua “Supanova”.

Surpresa, surpresa foi a atuação “flash” de Jennie Bellestar, a ex-vocalista da banda feminina The Belle Stars, que entrou em palco cheia de soul na voz e arrasou tudo, ajudada também por dois coros e, como não podia deixar de ser, pela sua cabeleira vermelho elétrico.

Começa então a segunda procissão da noite, voltamos todos à praia onde nos foi dito que ia acabar o verão. Somos recebidos na areia por Braima Galissa e transportados automaticamente para África.

Ali estava ela, a Pirâmide do Poder, uma estrutura em madeira construída por Franciso Vidal, que brotava as primeiras chamas com uma paisagem sonora africana por trás. Em situações normais teriam chamado os bombeiros, não chamaram, e ainda bem.

A fechar a segunda ediçao do festival Buenaventura Durruti Soundsystem, mergulhos de mar e sacos-cama na areia. A música soou até o sol aparecer no horizonte e as cinzas da enorme fogueira se apagarem. E parece que o verão acabou mesmo, pelo menos foi o que a chuva nos disse hoje.

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