“Bohemian Rhapsody”: o filme da melhor banda de sempre


Eu sou grande fã de Queen! É a minha banda favorita, tenho todos os discos, e sei toda a história. Claro que fui ver o filme “Bohemian Rapsody”. Fiquei deliciado logo no início, quando ouço o tema da 20th Century Fox a ser tocado pela Red Special de Brian May. Um magnífico pormenor.

Vou ser sincero, não estava com grandes expectativas. Estamos a falar de Queen, de Freddie Mercury, uma banda que encheu estádios pelo mundo inteiro, vendeu milhões de discos, do frontman mais carismático da história do Rock, a banda que ‘roubou’ o palco do Live Aid. Para ter um vislumbre minimamente completo da sua história seria preciso uma trilogia tipo o Senhor dos Anéis.

Dito isso, sabia que seria tudo ‘sintetizado’, e tenho pena que o filme vá só até ao ano de 1985, à actuação do Live Aid. Gostaria que o filme tivesse incidido sobre os últimos anos de vida de Freddie, mas neste período em que os Queen já não faziam concertos (1987-1991), há certamente menos material vídeo sobre a banda.

De que mais gostei? Da música. Foi precisamente a sua música que os fez um fenómeno à escala mundial. E atenção: é a própria banda a tocar, através da recuperação de faixas antigas. E é o próprio Freddie a cantar, pois, por melhor ator que Rami Malek seja, ninguém canta como Freddie. Por falar em atores, a caracterização está muito boa.

De que gostei menos? Da imprecisão cronológica: Freddie só foi diagnosticado com SIDA dois anos após o Live Aid. “Fat Bottom Girls” é do álbum “Jazz” (1978), e no filme surge durante uma digressão americana antes do “A Night at the Opera”, disco que foi gravado em 1975!

No filme, Freddie entra no estúdio, já na década de 80, com o seu mítico bigode, e encontra Brian May a ensaiar o tema “We will Rock You”. Mas este tema é de 1977, numa fase em que Freddie ainda não usava bigode. Há mais uma ou outra imprecisão, mas nem vou entrar em detalhe porque – verdade seja dita – à maioria das pessoas isso vai passar ao lado.

Temo que o filme possa passar uma imagem errada da banda, por exemplo, quando, por opção artística, refere que a banda não tocava junta há dois anos, antes da performance do Live Aid. O objetivo é criar drama, mas a verdade é que dois meses antes do Live Aid, os Queen estavam a terminar a “The Works Tour”.

O melhor do filme, e esta sim aquela informação que traduz e resume Queen, é quando Freddie diz que precisa da banda, e que a banda precisa dele. Os Queen valeram (valem) pelo conjunto. Por maior que seja a genialidade de Mercury, esta só brilhou porque ele conviveu, cantou e tocou com outros génios.

 

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O “desvio” terá sido só de Freddie?

O filme foca um pouco o “desvio” de Freddie para sair da banda e enveredar pela carreira a solo. Na realidade, todos os elementos de Queen tentaram sair da banda… várias vezes! Roger Taylor foi o primeiro a ter um disco a solo. Aliás, os dois primeiros: “Fun in Space” (1981) e “Stange Frontier” (1984). Isto, se não contarmos com a banda sonora que Brian May compôs para o filme “Mad Max 2” (1982). Só em 1985 sai “Mr. Bad Guy” de Mercury. Entre esse período os Queen lançaram dois álbuns. O filme induz em erro.

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