Bombino e Matt Simons dominam segunda noite da Maré


De longa túnica azul turquesa, entrou, para abrir o segundo dia de Maré de Agosto, aquele que viria a ser o herói da noite. Bombino, rapaz de pouca conversa e muito blues na veia, trazia uma atuação verdadeiramente impressionante, num som incrivelmente rico a oito mãos. Duas guitarras, um baixo e uma bateria são suficientes para entregar um som capaz de nos fazer viajar, isto se uma destas guitarras pertencer a Bombino, claro. Originário do povo Tuareg, o guitarrista que já foi comparado com os grandes mestres da guitarra apresentou um som de puro vício, numa deliciosa mistura entre os sons quentes do Norte de África e o blues de guitarradas mil.

Na segunda noite de Maré, o estilo livre de Bombino só encontrou rival na leveza do som de Matt Simons. É inegável que a qualidade musical pode vir dos locais mais recônditos do planeta, das mais humildes bandas – e se há prova disso é o grande sucesso deste tipo de bandas na Maré  -, mas a qualidade sonora, a leveza e qualidade de produção de um artista estabelecido na cena musical internacional é dificilmente igualável. Matt Simons é a prova disso. Com um espetáculo simples, bem pensado e com uma execução técnica irrepreensível o músico conseguiu ultrapassar o facto de, para o público açoriano, ser um artista com “apenas” um par de grandes êxitos. Ainda assim, o ponto alto da noite só podia ser a magnífica “Catch and Release”. Público ao rubro naquela que, apesar de totalmente subaproveitada,  é a grande qualidade de Simons – a junção  de uma voz limpa e incrível , uma execução fantástica no analógico e uma suave mas determinada batida eletrónica capaz de fazer dançar qualquer um.

Era a vez dos The Strypes e o verdadeiro Rock estava de volta à Maré. Verdadeiro? Sem dúvida! Os rapazes – sim, apesar de terem iniciado a sua careira em 2010 os elementos desta banda estão na fronteira da maioridade – trouxeram uma energia invejável e guitarradas incríveis, mas para deixarem um marco definitivo na Maré de Agosto faltou reconhecimento. Fossem as suas músicas amplamente reconhecidas e a festa seria outra, seria algo de memorável.

Ainda estamos em modo “praia, sol, festa” e a Maré está já a chegar ao fim. Estamos no último dia mas ainda há muito para ver. Retimbrar, Les Freres Smith, Tiken Jah Fakoly e o sempre incrível Moullinex transformam o dia de fecho da Maré no mais aguardado desta excelente edição da Maré de Agosto – imperdível!

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Fotografia: Vera Marmelo

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