Bonga: de Angola para o Tremor 2017


Desde a sua primeira edição, o festival Tremor tem procurado a fuga ao óbvio. No cartaz, no conceito, nos espaços. Se, por um lado, seria de esperar que fosse seguida a linha das edições anteriores, que têm promovido o encontro entre artistas de um circuito alternativo, ‘underground’, com um público urbano, de mente aberta, recetivo a experienciar o desconhecido, por outro lado, não deixa de ser curioso que este ano haja uma espécie de ‘provocação’. Para trocar as voltas a quem pensava já ter dominado a linha conceptual do festival, o Tremor traz Bonga a Ponta Delgada.

Coleccionador de inúmeros discos de ouro e platina, adorado um pouco por todo o mundo, e extremamente popular, Bonga vai certamente abalar a ilha, e vai pôr toda a gente a dançar e a cantar “Mariquinha vem comigo para Angola” em uníssono.

No que toca a um espetáculo, o contexto não é irrelevante. Grande parte do público que vai ver e ouvir Bonga no Tremor, provavelmente hesitaria em estar presente num concerto do artista noutro ambiente (arrisco mesmo a dizer que não hesitaria em ficar em casa ou arranjar outro programa).

Mas esta é uma das características que fazem do Tremor um festival tão especial: funcionar como uma espécie de agência de ‘blind dating’ – encontros às cegas, à falta de melhor tradução.

Às cegas estamos ainda todos em relação aos locais por onde irá passar o Tremor 2017. Onde irá tocar Bonga? No parque de estacionamento da avenida marginal? No coreto do Campo de São Francisco? Dentro de um navio da Atlânticoline em flutuação no interior do porto de Ponta Delgada? Provavelmente em nenhum destes locais referidos de forma aleatória. O melhor é mesmo esperar para ser surpreendido.

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Bonga junta-se a um cartaz repleto de talento

No tremor não há só Bonga. Há, para já, uma enormidade de bandas fantásticas, num cartaz com nomes como Camera, Ghost Hunt, Mão Morta, Circuit des Yeux ou Yves Tumor, sem esquecer, claro, a montra de talentos regionais que é o Tremor. Em casa vão estar os lendários Morbid Death a guiar o caminho para os mais novos nestas andanças: WE SEA, Filipe Furtado, The Quiet Bottom e 3rd Method.

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