Contar estrelas com os OneRepublic


Após quase três meses de silêncio, eis que surge um novo e refrescante IndieU, agora com uma nova abordagem. Porque me sinto muitas vezes limitada por “estilos”, “estereótipos”, “modas”, e afins, vou alargar a crónica ao que me apaixona realmente, que é escrever sobre música e músicos. Quem me conhece sabe perfeitamente que sou incapaz de me encaixar numa categoria. Sou uma miscelânea de sons e de personagens distintas cujos caminhos se cruzam, muitas vezes, num tema musical de dimensões astronómicas.

Agora, ao que interessa. O meu primeiro artigo “pós-férias” é sobre os OneRepublic. Sim, os OneRepublic! Não leram mal. E tudo isto vem de uma certa indignação. Muita gente não pode com esta banda, porque não podem com o tema “Apologise”, que as rádios e as MTVs tanto se fartaram de rodar. Ao fim de seis anos, ainda somos ensaboados por este tema ao ponto de já nem o cantarmos… De o vomitarmos! É esse o sentimento generalizado. E fico indignada com toda esta “demostração de afecto” para com um tema que é, na realidade, bonito dentro do género. Uma balada como tantas outras que ouvimos e que ficaram para a história. Comentários como “OneRepublic é foleiro!”, é de uma ignorância extrema. Relembro que, se um senhor de nome artístico Timbaland não tivesse achado tanta piada a esta banda, muito provavelmente ela teria caído na categoria Indie. Sim, Indie! Não ser mainstream é que é “fixe”.

Hoje em dia já é muito raro ouvir um álbum de início ao fim e ficar encantada. Sou capaz de me derreter por uma faixa aqui e ali, mas, por um trabalho completo, é mesmo raro. Se não me cativar, arrumo-o rapidamente para o lado. Mas por acaso, um dos álbuns que ouvi muito from beginning to end, foi o Dreaming Out Loud, o primeiro trabalho discográfico dos OneRepublic, onde estava, claro, o tema Apologise que, na minha opinião, é muito mais bonito sem os Uhs e Ehs de Timbaland. Neste álbum podemos encontrar temas “Stop and stare”, “Mercy”, e “All fall down”, entre outros.

Em 2010, os OneRepublic reapareceram com um trabalho intitulado Waking Up, cheio de temas que nos ficaram nos ouvidos, como é o caso de “All the right moves”, “Secrets” e “Good life”. Este álbum, ao contrário de Dreaming Out Loud, não mereceu tanta atenção de minha parte, mas Native, do início deste ano, já está a dar cartas. O single “If I lose myself” foi o escolhido para representar inicialmente este trabalho, mas o tema que captou realmente a minha atenção foi “Counting stars”. Se repararem até que é parecido, musicalmente, com “One Day / Reckoning song” de Asaf Avidan. Gosto sempre de realçar estas particularidades.

Old, but I’m not that old. Young, but I’m not that bold, And I don’t think the world is sold, I’m just doing what we’re told.

“Counting Stars” é um hino enérgico com uma mensagem muito específica sobre a nossa actualidade. Em vez de contarmos os trocos, devíamos contar estrelas. É mais bonito, poético, dramático. Estes são ingredientes evidentes em todos os temas desta banda.

Curiosidade das curiosidades, os OneRepublic são produto da revolução musical no mundo que é a Internet. A banda tornou-se popular através do quase extinto MySpace, após a editora onde estavam os ter abandonado. Foi, provavelmente, o melhor que lhes podia ter acontecido. Outra curiosidade é que Ryan Tedder, frontman desta banda é já um estabelecido escritor e produtor que colabora  com grandes nomes e vozes do panorama musical actual, como é o caso de Adele, Leona Lewis, para quem escreveu o sucesso “Bleeding Love”, Maroon 5, e Ellie Gouldind. Tedder é também o génio dramático e lamechas por detrás das letras simples mas poderosas dos OneRepublic.  Por isso esqueçam “é foleiro” e enjoy the sound.

 

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