Diabo na Cruz trazem mais “roque popular” em novo álbum


O ‘roque popular’ está de volta! O género musical criado e batizado pelos Diabo na Cruz, e que junta os instrumentos da música tradicional portuguesa às guitarras distorcidas e às batidas do rock é, mais uma vez, o prato forte do novo disco da banda.
Bombos tradicionais, paus, ferrinhos ou a já habitual viola braguesa, desfilam ao longo das canções com a mesma dignidade que os instrumentos elétricos. No mesmo tema, tal como acontecia nos discos anteriores, a mesma secção musical pode aparecer duas ou três vezes com roupagens diferentes.
Mas não só de instrumentos e de ritmos da música tradicional portuguesa se faz o ‘roque popular’. Tal como Zeca Afonso, também os Diabo na Cruz têm um “Verde Milho”, a diferença é que este é “milho Mosanto”. Dispenso-me de fazer um discurso sobre o consumo alimentar de organismos geneticamente modificados (OGM), que tanta polémica têm causado em todo o mundo, nem quero comparar a Monsanto (cuja reputação é, no mínimo, terrível) aos Diabo na Cruz, mas não posso deixar de olhar para esta referência à mutação genética como uma metáfora para aquilo que é a sua sonoridade típica: a alteração genética do rock com a introdução de genes da música popular portuguesa.
E a fórmula está de tal forma apurada que parece que os Diabos na Cruz não sabem fazer um disco fraco. Arrisco mesmo a dizer que não sabem fazer uma má canção. Quando, em apenas quatro anos, uma banda tem um bom disco de estreia, passa com distinção no exame complicado que é sempre o segundo álbum, e mantém o nível no terceiro trabalho, isto só quer dizer uma coisa: alcançaram um patamar que está reservado só para aqueles que ficam na história.
Não posso deixar de destacar o tema “Vida de Estrada”, o primeiro single do disco foi lançado – de forma inteligente –  a tempo de ser banda sonora do Verão passado. Com uma energia impressionante, “Vida de Estrada” é capaz de fazer o espírito mais deprimido sair da cama para ir aproveitar o dia lá fora. É canção para se ouvir a caminho da praia, de uma festa, ou, melhor ainda, numa viagem sem destino. Basta cumprir o que manda o refrão: “Mergulhar mãos no volante, e adiante para qualquer lugar, vidro aberto, rádio alto, no asfalto, sem me apoquentar, saborear o mar e as serras, cobrir-me de pó e geada, roer o osso desta terra, na vida de estrada”.
Também se pode ouvir a caminho do trabalho, sempre dá para fugir à realidade por uns minutos.
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